LEVANTAMENTO DE ACHADOS DE EHRLICHIA CANIS EM FELINOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, SANTA CRUZ DO SUL, RS

Ana Carolina Muller, Aline S. Dupont, Maitê Heiermann, Camila Amaral D'Avila, Michele Berselli, Daiana Vognach Kafender, Adelina Aires, Karla Puntel

Resumo


Introdução: Com ampla distribuição geográfica, a Erliquiose possui caráter emergente, sendo endêmica em regiões tropicais e subtropicais. Causada pela riquétsia Ehrlichia canis, a doença é transmitida por carrapatos da espécie Riphicephalus sanguineus através de sua picada. Normalmente acomete cães e raramente gatos, bovinos e humanos (BRAGA et al., 2014; NAGAHACHI, 2014). Objetivo: Descrever casos de E. canis, em felinos, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul e traçar seus perfis clínicos e hematológicos. Metodologia: Este levantamento foi desenvolvido com base na análise de dados de prontuários clínicos com informações - idade, sexo e histórico - de felinos atendidos na rotina do Hospital Veterinário entre outubro de 2020 e agosto de 2022. O critério seguido para a inclusão dos felinos no estudo foi através do diagnóstico de Erliquiose. Este ocorreu a partir da coleta de sangue e realização de esfregaço sanguíneo, colorido com corante panótico e analisado por microscopia eletrônica. Cada paciente foi identificado através de números (1, 2 e 3). Resultados: De outubro de 2020 a agosto de 2022, foram realizados hemogramas, seguidos de esfregaços sanguíneos, em 407 felinos domésticos, atendidos no Hospital Veterinário. Dentre estes, 3 animais (0,73%), apresentaram diagnóstico positivo - com localização da mórula de E. canis no esfregaço, sendo todos machos, com idade entre 6 a 36 meses, em que dois eram errantes e um, semidomiciliado. Tal achado em felino, é considerado raro, pois sua incidência é baixa, se comparada a ocorrência em cães. O fato de terem menor predisposição, pode estar atrelado ao modo comportamental da espécie, já que realizam constante higienização de pele e pelos, pela lambedura, desfavorecendo a infestação por carrapatos, e consequentemente, as chances de transmissão do patógeno. Achados de literatura, sugerem resistência inata ou adaptação a infecção deste agente, além de uma menor predisposição a doenças transmitidas pelos carrapatos. As manifestações clínicas da patogenia, quando apresentadas, consistem em mucosas hipocoradas, inapetência, sendo estes, sinais apresentados pelo paciente 3, além de febre, letargia, dispneia, perda de peso e deslocamento de retina. Quanto às alterações laboratoriais, as mais comuns são leucopenia ou leucocitose, linfocitose, monocitose, trombocitopenia e anemia, sendo esta, manifestada pelos três pacientes. Além disso, o paciente 3 possuía o volume corpuscular médio (VCM), aumentado e os pacientes 1 e 2, apresentaram amostras ictéricas, sendo estes, também indicativos de anemia. Ressalta-se que, tais pacientes, chegaram ao atendimento, por causas primárias, como dor em uma das patas, feridas pelo corpo e fratura em uma das pernas, e de forma secundária, chegou-se ao diagnóstico de Erliquiose. Conclusão: Medidas profiláticas devem ser seguidas, como evitar o acesso à rua destes animais, uso de carrapaticidas e higienização dos ambientes, assim, diminuindo as chances de uma possível infecção. Deve-se incluir a busca de E. canis em diagnósticos de doenças hematológicas, principalmente em felinos errantes. BRAGA, Í. A. et al. Detection of Ehrlichia canis in domestic cats in the central-western region of Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 45, n. 2, p. 641–645, 2014. NAGAHACHI, P. Y. et al. Erliquiose felina: relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 12, n. 2, p. 48-48, nov. 2014.

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ISSN 2764-2135