RELATO DE CASO DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM UM CÃO ATENDIDO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

Rebeca Luiza Overbeck, Joana de Fátima Vighi, Michele Berselli

Resumo


A leishmaniose visceral é uma zoonose causada pelo agente Leishmania chagasi, do gênero Leishmania, um protozoário transmitido ao hospedeiro vertebrado através da picada do mosquito hematófago Lutzomyia longipalpis. Tendo como seu principal reservatório o homem e o cão. Atualmente, essa doença pode ser localizada em países tropicais e subtropicais, 90% dos casos são encontrados na Índia, Sudão e Brasil. A importância do cão, para coleta de dados é grande, pois há muitos animais que são assintomáticos, dificultando ainda mais o diagnóstico. Estes assintomáticos podem ficar por anos sem demostrar algum sinal clínico, porém, algum evento que pode seu estado imunológico, pode levar ao aparecimento de sintomas. Animais reservatórios continuam com a capacidade de infectar o vetor e continuar com a disseminação. Quando infectados os hospedeiros podem manifestar onicogrifose, alterações do trato urinário, hepáticas, renais, dermatológicas, gastrointestinais, neurológicas, pulmonares, coagulopatias, perda de peso, anorexia, distúrbios locomotores, anemia linfoadenomegalia generalizada.  Idade ou sexo podem ser fatores que influenciam a incidência de leishmaniose. O objetivo deste relato é descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos de um canino, macho , residente do bairro Higienópolis em Santa Cruz do Sul que foi atendido no Hospital Veterinário da UNISC. O paciente apresentava clinicamente dificuldade locomotora, inapetência, oligodipsia, emagrecimento progressivo, paralisia flácida dos membros anteriores, desidratação, alopecia, conjutivite, onicogrifose, dermatites com lesões crostosas na face, lesões focais ulcerativas na pele dos membros pélvicos e torácicos próximos as articulações, edema articular e dor a palpação. A leishmaniose é endêmica no município de Santa Cruz do sul, sendo considerada desde 2014 área de transmissão da doença, registrando um crescimento gradativo da doença ao atingir mais de 100 casos notificados até 2021. A concentração de casos se dá nas regiões próximas ou dentro de áreas verdes, como o bairro Aliança, Arroio Grande e Bonfim. O respectivo bairro Higienópolis localizado próximo ao Parque da Gruta, área inserida no Centurião Verde, habitat natural para os vetores devido a umidade e o acúmulo de matéria orgânica, já possui 5 casos notificados para leishmaniose. Apesar do quadro clínico e epidemiológico sugestivo, o resultado da pesquisa de anticorpo através Teste Rápido Imunocromatográfico - DPP (Dual Path Plataform) - realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) foi não reagente. Entretanto, o DPP apresenta sensibilidade de 57,45%, em comparação a outros ensaios sorológicos, sugere-se que seja substituído pelo ELISA. O caso foi considerado positivo pela clínica e epidemiologia. Como os casos de leishmaniose canina precedem os casos humanos, uma vez que os cães são os principais reservatórios domésticos e fundamentais na manutenção do ciclo da doença, destaca-se a importância do diagnóstico confiável para combater e controlar a enfermidade corretamente, tendo em vista o seu potencial zoonótico e letal, de incidência elevada e ainda em expansão, principalmente no meio urbano.

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ISSN 2764-2135