FENDA PALATINA (PALATOSQUISE) EM EQUINO: RELATO DE CASO

JOSE ANTONIO ROHLFES JUNIOR, ERIKA CALVI, Gabriele Biavaschi

Resumo


A fenda palatina (palatosquise) se caracteriza pela falha ou ausência da oclusão da extensão do palato originando uma comunicação oronasal. A afecção é de origem congênita e pode ser ocasionada por fatores ambientais, hormonais, genéticos, falha da imunidade passiva, metabólicos, radiação com ionizantes ou substâncias teratogênicas e corticosteroides. A casuística é baixa em equinos, correspondendo a apenas 4% dos casos de afecções congênitas. Em neonatos a principal consequência é pneumonia aspirativa, devido a pouca pressão negativa ao realizar movimentos de sucção durante a amamentação. Este trabalho apresenta o relato de um estudo de caso de um equino com cerca de um ano de idade, sem raça definida, resgatado por uma ONG em Santa Cruz do Sul/RS, encaminhado ao HV/UNISC para diagnóstico e tratamento. A queixa principal era a dificuldade de alimentação do animal e a visualização de conteúdo alimentar nas narinas. O exame físico geral apontou como principal sintoma clínico disfagia com descarga nasal bilateral pós-prandial com conteúdo alimentar. Os parâmetros vitais estavam dentro dos valores de referencia para a espécie. O hemograma apontou anemia com hematócrito discretamente diminuído, trombocitose e neutrofilia com pequena elevação de segmentados. O exame bioquímico apontou valores elevados de AST - Aspartato Aminotransferase (276 UI/L) e Ureia (62 mg/dL). As enzimas AST mostraram-se aumentadas, mas não são indicadores específicos de lesão hepática, podendo indicar lesão muscular ou desgaste físico. A Ureia aumentada e a Creatinina dentro dos valores de referência indicavam leve desidratação, mas com funcionalidade renal estável. Através da avaliação endoscópica observou-se uma fenda de formato oval na região de palato mole em posição mais caudal. A imagem obtida a partir do Raio X evidenciou tratar-se de uma fenda profunda caracterizando uma ligação entre as cavidades nasal e oral. A partir da análise dos resultados dos exames, considerando a idade do paciente e a localização da fenda palatina e os riscos de cirurgia (sucesso em apenas 20% dos casos de defeitos palatinos extensos), optou-se pela não realização da cirurgia reparadora. De acordo com a literatura o período crítico para desenvolvimento de pneumonia aspirativa é durante os primeiros meses de vida, em que o potro ainda é lactante. Desde que seguidas orientações de manejo e observação constante do equino, o prognóstico de vida do paciente do paciente em questão é bom, visto que se adapta ao defeito anatômico. Após a avaliação veterinária o equino foi liberado com a orientação sobre o manejo do fornecimento da alimentação, sendo recomendado o fornecimento de alimento e água em altura mais próxima ao solo, minimizando as chances de pneumonia aspirativa. As avaliações radiográficas e endoscópicas foram eficientes no diagnóstico da enfermidade e, neste caso, o tratamento conservativo justificou-se como a melhor opção.

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ISSN 2764-2135