PREVALÊNCIA DE ANAPLASMA PLATYS EM FELINOS E CANINOS ATENDIDOS PELO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, SANTA CRUZ DO SUL, RS

Daiane Thozeski, Karla Puntel Rosa, Adelina Rodrigues Aires, Michele Berselli, Camila Amaral D Avila

Resumo


Introdução. Anaplasma platys (Dumler et al. 2001) é um microrganismo parasitoide intracelular da ordem Rickettsiales, que tem como provável transmissor o carrapato da espécie Rhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806). Esta rickettsia é encontrada infestando plaquetas de mamíferos domésticos como cães e gatos, ocasionando quadros de trombocitopenia cíclica (SNELLGROVE, 2020). Dentre os sintomas apresentados por animais infectados, destacam-se perda de peso, fraqueza, febre, dores articulares e depressão, podendo também o animal não apresentar sinais clínicos da doença. O diagnóstico definitivo é possível através da visualização das estruturas compatíveis no exame microscópico, teste rápido ou detecção via PCR. Objetivo. Dada a alta incidência de casos de anaplasmose em animais domésticos em atendimento pelo Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), o objetivo da pesquisa foi investigar a ocorrência de infecções por A. platys em felinos e caninos na região, atendidos na rotina clínica do hospital. Metodologia. Foram realizados 2675 exames laboratoriais no Hospital Veterinário da UNISC, no período de outubro de 2020 a agosto de 2022. Destes, 1420 animais tiveram seu sangue coletado para análise hematológica pelo laboratório de Análises Clínicas. Após o recebimento, as amostras foram processadas no aparelho automatizado BC-2800Vet (Mindray), determinando parâmetros do eritrograma, leucograma (apenas a contagem total de leucócitos) e plaquetograma. Foram realizadas extensões sanguíneas, coradas com o kit panótico rápido para posterior análise microscópica nos aumentos de 400x e 1000x em microscópios eletrônicos. Os animais foram divididos de acordo com sua espécie, entre felinos e caninos, para a avaliação da prevalência de A. platys . Resultados. Dos 1420 animais avaliados, 76 apresentaram inclusões parasitárias da rickettsia A. platys em seus exames, correspondendo a 5,4% da população estudada. Cabe ressaltar que em muitos destes pacientes não se observaram sinais clínicos compatíveis com anaplasmose. Em relação à espécie, 53 casos ocorreram em caninos (69,7%) e 23 em felinos (30,3%). Embora o agente transmissor do hemoparasita A. platys seja encontrado tanto em caninos como felinos, a prevalência de A. platys é classicamente superior em caninos, assim como foi observado no presente estudo. Vários fatores podem estar associados à este resultado, desde a predisposição da espécie, a falta de conhecimento na identificação de hemoparasitas até ao modo comportamental dos felinos no que confere a sua constante higienização pela lambedura, removendo ectoparasitas, como o agente transmissor da doença (PINTO et al., 2018). Conclusão. A identificação de infecções por A. platys é de grande relevância, dada a importância da doença como agente de fácil disseminação. A existência de animais portadores assintomáticos torna sua disseminação ainda mais facilitada. Destaca-se a importância da avaliação morfológica do esfregaço sanguíneo na identificação de alterações não detectadas por técnicas hematológicas automatizadas. Referências PINTO, A. B. T. et al. Anaplasmataceae in cats (Felis catus) in the city of Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Pesquisa Veterinaria Brasileira, v. 38, n. 6, p. 1137–1150, 2018. SNELLGROVE, A. N. et al. Vector competence of Rhipicephalus sanguineus sensu stricto for Anaplasma platys. Ticks and Tick-borne Diseases, v. 11, n. 6, p. 101517, 2020.

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ISSN 2764-2135