MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA PÓS COVID-19: RESPOSTA DA VFC NAS DIFERENTES POSTURAS.
Resumo
Introdução: A COVID-19 é uma doença infectocontagiosa capaz de gerar alterações no sistema cardiovascular com possível desenvolvimento de arritmias, doenças arteriais periféricas (tromboembolias) e disfunção autonômica. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC), é um método simples e eficiente para analisar variações de intervalos de tempo entre batimentos cardíacos, consiste em um dos mais promissores marcadores quantitativos do balanço autonômico cardíaco. Objetivo: Avaliar em pacientes sobreviventes da COVID-19 o comportamento da VFC em diferentes posições. Métodos: Estudo transversal, com amostragem de conveniência, incluiu pacientes pós COVID-19 do Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória-LARECARE. Foram excluídos pacientes com arritmia cardíaca e/ou a utilização de betabloqueadores. Variáveis analisadas: clínicas (idade, sexo, perda de peso, índice de massa corporal-IMC, tempo de internação-TI), modulação autonômica [VFC: variáveis lineares no domínio do tempo (intervalo médio da frequência cardíaca-iRR, FC média-HR, raiz quadrada das diferenças quadráticas médias dos intervalos RR-rMSSD, índice triangular-tri index) e domínio da frequência (bandas de Alta Frequência-HF, Baixa Frequência-LF e a razão LF/HF) e não lineares (predomínio parassimpático-SD1, balanço simpatovagal-SD2, Approximate Entropy-ApEn, Sample Entropy-SampEn inclinação de flutuação a curto prazo da análise de flutuação-a 1 e inclinação de flutuação a curto prazo da análise de flutuação-a 2 e Shannon entropy)]. Para VFC utilizou-se cardiofrequencímetro Polar® para obtenção dos sinais de frequência cardíaca nas posições supino, ortostase, sedestação e manobra de arritmia sinusal respiratória (MAS-R) durante 10 minutos. As análises da VFC foram realizadas no software Kubios®. A análise estatística foi realizada no programa SPSS versão 25.0 considerando significativo p=0,05. Resultados: 30 pacientes, idade 55,86±11,68, TI (n=17 sujeitos) 13,71±11,09dias, perda de peso 7,79±5,13kg, IMC=27,92±3,60kg/m2, RCQ=0,98±0,13. Análise da VFC de supino para ortostase: iRR (733,39±104,73 vs 633,02±68,40, p=0,000), HR (83,61±12,40 vs 96,02±10,86, p=0,000), rMSSD (14,19±17,81 vs 9,84±8,19, p=0,008), HF (29,24±17,56 vs 22,38±21,37, p=0,000), LF (68,84±17,17 vs 80,69±15,25, p=0,008) LF/HF (4,09±4,08 vs 8,04±9,35, p=0,002), SD1 (10,05±12,62 vs 6,97±5,81, p=0,008), ApEn (1,02±0,05 vs 0,93±0,16, p=0,014), SampEn (1,62±0,29 vs 1,46±0,42, p=0,020), Shannon (3,00±0,27 vs 3,09±0,31, p=0,044). Resposta da VFC para MAS-R: Sedestação vs MAS-R [HF ( 34,59±54,13 vs 13,33±13,59, p=0,00111 ), LF (74,42±18,05 vs 86,58±13,70, p=0,001)]. Estratificamos a VFC-domínio da frequência dos pacientes para internação hospitalar SIM (n=17) vs NÃO (n=13) e analisamos a MAS-R: SIM_Sedestação vs MAS-R [HF (42,94±69,23 vs 16,35±16,12), LF (72,97±15,45 vs 83,48±16,23); NÃO_Sedestação vs MAS-R [HF (23,67±21,52 vs 90,63±8,42), LF (76,33±21,50 vs 9,38±8,39)].Conclusão: Pacientes sobreviventes da COVID-19 apresentaram adequado comportamento da modulação autonômica quando da troca de postura de supino para ortostase, com aumento da resposta de modulação autonômica simpática e da complexidade autonômica. Entretanto, os pacientes não responderam adequadamente a MASR quando analisados todos juntos. Quando separados por internação hospitalar, aqueles sujeitos que não internaram apresentaram resposta adequada a MAS-R com aumento da resposta de modulação parassimpática.
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ISSN 2764-2135