A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D PODE ESTAR RELACIONADA À DIMINUIÇÃO DA RECORRÊNCIA DA VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA?

Yasmin Alves Peterson, Larissa de Camargo Subtil, Carolina Gruendling, Bruna Duz, Ingrid Wendland Santanna

Resumo


Introdução: Dentre os casos de pacientes com disfunção vestibular periférica, a grande maioria - próximo de 50% - possui como etiologia a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), doença benigna, não progressiva, de origem idiopática na maioria dos casos. Essa doença manifesta-se através do desprendimento do utrículo e da movimentação de otólitos (mais comumente partículas de carbonato de cálcio) pela endolinfa dos canais semicirculares da orelha interna - 85 a 95% ocorrem no canal semicircular posterior. Como consequência, o paciente apresenta sintomas intermitentes, autolimitados, de curta duração e de forte intensidade de vertigem posicional, mal-estar, náuseas, vômitos e sudorese. As possibilidades terapêuticas da VPPB são inúmeras, tais como: manobras de reposicionamento de partículas, medicamentos supressores vestibulares, reabilitação vestibular e suplementação vitamínica, como a reposição de Vitamina D (VD). Tendo em vista sua considerável prevalência, é de suma importância um maior estudo acerca de maneiras que possibilitem atenuar sua recorrência. Objetivos: Analisar a eficácia da utilização de VD no tratamento da VPPB. Métodos: A metodologia aplicada foi de uma revisão sistemática. Realizou-se buscas na base de dados “Cochrane Library”, com as palavras-chave: “Benign Paroxysmal Positional Vertigo and Vitamin D”, com período de publicação compreendido entre os anos de 2016 a 2022, obteve-se 9 resultados. Em seguida, foram aplicados os critérios de inclusão: ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo, disponibilidade em seu formato completo, redigido na língua inglesa, e ter a temática em seu título. Sendo assim, restaram 5 trabalhos. Resultados: Considerando a canalitíase a principal etiologia da VPPB, alguns estudos demonstram a importância da VD e do metabolismo do cálcio na fisiopatologia da doença. Assim, encontrou-se, em um dos ensaios analisados, um resultado benéfico na prevenção de ocorrências, quando da associação entre a suplementação de VD e carbonato de cálcio (CC), respectivamente, nas doses de 400 UI e 500 mg, administradas duas vezes ao dia, durante um ano. Por fim, comparando o grupo intervenção com o grupo placebo, os pacientes que receberam a medicação tiveram uma recorrência menor (37,8%), em contrapartida ao valor de 46,7%. Todavia, tal estudo suplementou apenas pacientes com nível sérico de VD <20 ng/mL, mostrando que níveis extremamente baixos são maléficos para a prevenção da doença, mas não especificando qual seria o valor aproximado ótimo em que a VD deveria permanecer. Em contrapartida, outro estudo analisou pacientes que receberam VD na posologia de 1000 UI, administradas uma vez ao dia, durante quatorze meses. Tal estudo não revelou evidências de diminuição da recorrência, nem alteração no resultado dos escores autoaplicáveis empregados para avaliação do impacto da tontura e desequilíbrio na rotina diária. Conclusão: A partir desta revisão é possível depreender que a reposição de VD, apesar de incerta, é benéfica em pacientes selecionados, que possuem déficit nutricional. Porém, ainda é necessário determinar qual é o nível sérico de VD que poderia ser realmente útil para a prevenção da VPPB, assim como o uso coadjuvante de suplementação de cálcio. Dessa forma, é relevante que pacientes com VPPB sejam rastreados para deficiência de VD e tratados, de preferência, em consonância com a realização de manobras de reposicionamento canalicular.

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ISSN 2764-2135