Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

É sabido que o número de cães e gatos domiciliados, semi domiciliados e errantes têm aumentado a cada ano. No mundo, o número populacional de cães, em 2003, era de 600 milhões. Atualmente, só no Brasil, as populações de cães e gatos são de 54 e 24 milhões, respectivamente, com uma expectativa de crescimento, em dez anos, de 70 milhões para cães e 40 milhões para gatos. Muitos são os fatores que têm contribuído para o aumento populacional descontrolado, com destaque para a posse irresponsável, que gera o abandono e maior número de animais errantes, propiciando a contaminação ambiental, disseminação de doenças e transmissão de zoonoses. A prática da eliminação sistemática e indiscriminada de animais domésticos foi realizada por mais de um século no Brasil, entretanto, ao longo dos anos, esse método se mostrou ineficaz e não era humanitário. Neste contexto, os métodos de castração cirúrgica como ovariohisterectomia, ovariosalpingohisterectomia e orquiectomia aparecem como uma vantagem, visto que tornam-se ferramentas eficazes e humanitárias, que proporcionam bem-estar aos animais ao impedir o nascimento de ninhadas indesejadas e consequente disseminação de doenças. Deste modo, com base nos dados obtidos do setor de cirurgia de pequenos animais do Hospital Veterinário da Universidade de Santa Cruz do Sul (HV-UNISC), buscou-se, através da literatura disponível, demonstrar a relação entre o número de castrações realizadas de janeiro de 2022 a agosto de 2022 e o impacto positivo na saúde pública dos municípios de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz. Ao longo de sete meses, foram realizadas 276 castrações de caninos e felinos, destas, 191 (69%) eram caninos e 85 (31%) felinos. Dentre essas intervenções cirúrgicas, 182 (66%) castrações foram realizadas em fêmeas, sendo que 49 (27%) desses procedimentos foram terapêuticos, ou seja, além da esterilização, o procedimento atua também como método terapêutico, como em piometras, tumores mamários ou outras alterações do trato reprodutor feminino. Destaca-se, também, a realização de 28 mastectomias neste período, número que poderia ser menor se, de acordo com alguns autores, fossem realizadas as castrações eletivas entre o primeiro e segundo cio, visto que muitas destas enfermidades estão relacionadas aos hormônios femininos, que são extintos após a esterilização. Ademais, foram realizadas 133 (73%) castrações eletivas, o que demonstra a eficácia do Programa de Castração das Prefeituras Municipais de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz, que em parceria com o HV-UNISC, possibilita o atendimento de animais de tutores de baixa renda. Tal eficácia é demonstrada a partir do cálculo de filhotes por animal, em que, ao realizar-se a castração, é possível evitar o nascimento de 665 novos filhotes caninos e 558 novos filhotes felinos por ano. Essas informações corroboram com o que acontece em muitos países desenvolvidos, que demonstram que o controle da natalidade da população animal e a educação sobre a posse responsável são mais eficientes que a eutanásia, favorecendo a prevenção de zoonoses, contribuindo para a preservação do meio ambiente e consequentemente, resultando em melhores condições de vida. Com base nos dados obtidos, pode-se observar resultados positivos frente à união entre HV-UNISC e Prefeituras Municipais, que juntos, atuam para a educação dos usuários e para a melhoria de vida dos animais, diminuindo o número de ninhadas indesejadas, doenças do trato reprodutor e disseminação de doenças e zoonoses.