IMPORTÂNCIA DE EXAMES LABORATORIAIS EM ATENDIMENTOS CLÍNICOS: RELATO DE CASO
Resumo
Resumo: Na rotina laboratorial, o exame de sangue mais requisitado é o hemograma. Além de ser um exame prático e econômico, tem um papel importante, contribuindo para a prática clínica. A ascensão de equipamentos hematológicos automatizados na área de medicina veterinária tem permitido diagnósticos clínicos cada vez mais rápidos e assertivos. No entanto, algumas particularidades da automação devem ser consideradas para uma interpretação adequada das informações. Uma destas particularidades tem relação com o leucograma. Equipamentos
hematológicos normalmente contabilizam os leucócitos através da técnica de citometria de fluxo, o que gera certa discrepância de leitura quando há grande presença de outras célulasnucleadas. Eritroblastos são hemácias jovens, que possuem o núcleo ainda e são liberadas na
corrente sanguínea em casos de anemia ou doenças mieloproliferativas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi relatar as alterações observadas na análise do leucograma de um canino polifraturado, devido a um atropelamento, atendido no Hospital Veterinário da
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Um canino, macho, de 8 anos, sem raça definida, foi encaminhado para atendimento no Hospital Veterinário da UNISC, com histórico de atropelamento, tendo como principal queixa a dificuldade em apoiar os membros pélvicos.
Após avaliação clínica, foi realizado radiografia e amostras de sangue foram enviadas para o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UNISC. O hemograma foi realizado em analisador automatizado (BC-2800Vet – Mindray), com avaliação diferencial de
leucócitos em esfregaço sanguíneo. Entre as alterações observadas houve elevação moderada de plaquetas (522 plaquetas por x103µL, valor de referência: 200 – 500 plaquetas por x103µL) e na proteína plasmática (PPT) (9,2 PPT por g/dL, valor de referência: 6 – 8 g/dL).
Já a alteração mais evidente foi observada no leucograma com uma expressiva elevação na contagem total de leucócitos (50200 células por µL, valor de referência: 6000 – 17000 células por µL). No entanto, na avaliação diferencial de leucócitos, observou-se elevado número de metarrubrícitos (77 metarrubrícitos/100 leucócitos), além de neutrofilia e eosinofilia. Em caninos a presença de metarrubrícitos no exame diferencial é aceito em uma proporção de 10 metarrubrícitos / 100 leucócitos. Foi então realizada a correção da contagem de leucócitos totais para presença de eritroblastos, obtendo-se a contagem ajustada de 28360 por µL. Apesar deste resultado permanecer ainda fora do intervalo de referência, demonstrou-se que o valor gerado pelo aparelho pode sofrer alteração após análise da lâmina, e mudar o
direcionamento do resultado primário. O diagnóstico definitivo foi baseado no exame radiográfico e exames de análises clínicas laboratoriais, em que foi possível detectar múltiplas fraturas na pelve e alterações metabólicas, indicando que o animal fosse encaminhado para
correção cirúrgica. Neste caso, os achados radiológicos, exames laboratoriais e microscopia foram essenciais para diagnosticar alterações patológicas além do observado no exame clínico. A ocorrência de discrepâncias entre as análises automatizadas e as avaliações
morfológicas ocorrem na rotina laboratorial, no entanto cabe ao patologista clínico reconhecer estas situações e determinar métodos para reduzir seu efeito na interpretação dos resultados.
hematológicos normalmente contabilizam os leucócitos através da técnica de citometria de fluxo, o que gera certa discrepância de leitura quando há grande presença de outras célulasnucleadas. Eritroblastos são hemácias jovens, que possuem o núcleo ainda e são liberadas na
corrente sanguínea em casos de anemia ou doenças mieloproliferativas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi relatar as alterações observadas na análise do leucograma de um canino polifraturado, devido a um atropelamento, atendido no Hospital Veterinário da
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Um canino, macho, de 8 anos, sem raça definida, foi encaminhado para atendimento no Hospital Veterinário da UNISC, com histórico de atropelamento, tendo como principal queixa a dificuldade em apoiar os membros pélvicos.
Após avaliação clínica, foi realizado radiografia e amostras de sangue foram enviadas para o Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UNISC. O hemograma foi realizado em analisador automatizado (BC-2800Vet – Mindray), com avaliação diferencial de
leucócitos em esfregaço sanguíneo. Entre as alterações observadas houve elevação moderada de plaquetas (522 plaquetas por x103µL, valor de referência: 200 – 500 plaquetas por x103µL) e na proteína plasmática (PPT) (9,2 PPT por g/dL, valor de referência: 6 – 8 g/dL).
Já a alteração mais evidente foi observada no leucograma com uma expressiva elevação na contagem total de leucócitos (50200 células por µL, valor de referência: 6000 – 17000 células por µL). No entanto, na avaliação diferencial de leucócitos, observou-se elevado número de metarrubrícitos (77 metarrubrícitos/100 leucócitos), além de neutrofilia e eosinofilia. Em caninos a presença de metarrubrícitos no exame diferencial é aceito em uma proporção de 10 metarrubrícitos / 100 leucócitos. Foi então realizada a correção da contagem de leucócitos totais para presença de eritroblastos, obtendo-se a contagem ajustada de 28360 por µL. Apesar deste resultado permanecer ainda fora do intervalo de referência, demonstrou-se que o valor gerado pelo aparelho pode sofrer alteração após análise da lâmina, e mudar o
direcionamento do resultado primário. O diagnóstico definitivo foi baseado no exame radiográfico e exames de análises clínicas laboratoriais, em que foi possível detectar múltiplas fraturas na pelve e alterações metabólicas, indicando que o animal fosse encaminhado para
correção cirúrgica. Neste caso, os achados radiológicos, exames laboratoriais e microscopia foram essenciais para diagnosticar alterações patológicas além do observado no exame clínico. A ocorrência de discrepâncias entre as análises automatizadas e as avaliações
morfológicas ocorrem na rotina laboratorial, no entanto cabe ao patologista clínico reconhecer estas situações e determinar métodos para reduzir seu efeito na interpretação dos resultados.
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ISSN 2764-2135