DESENVOLVIMENTO DE FILMES DE QUITOSANA COM PROPRIEDADES ANTIMICROBIANAS PARA A UTILIZAÇÃO EM COBERTURAS PARA CATETER

Betina Brixner, Thaís Faller Petry, Bethina Willig Zanenga, Pedro Espindola da Silveira, Rafaela Michel Jahnke, Giovana Bagnara Luisi, Liliane Damaris Pollo, Chana de Medeiros da Silva, Jane Dagmar Pollo Renner, Letícia Carvalho Ourique

Resumo


Desenvolvimento de filmes de quitosana com propriedades antimicrobianas para a utilização em coberturas para cateter

Introdução: As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são um grande problema de saúde pública, ocasionando o aumento da morbimortalidade e altos custos de internação. O cateter venoso central é um dos maiores causadores de infecções da corrente sanguínea e a utilização de coberturas contendo agentes antimicrobianos é um dos meios de prevenção às mesmas. Os curativos comerciais são produzidos a partir de materiais sintéticos que ao serem descartados geram um passivo ambiental. Nesse contexto, biopolímeros como a quitosana têm gerado grande interesse por apresentarem boas propriedades físico-químicas e antimicrobianas. Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo a caracterização da quitosana e o desenvolvimento de biofilmes para aplicação em cobertura de cateter. Metodologia: A quitosana foi caracterizada em relação ao grau de desacetilação (GD) (propriedade responsável por sua solubilidade em meio ácido e pelas propriedades antimicrobianas) através da relação entre bandas de absorção no FTIR e titulação condutivimétrica. Os filmes foram produzidos por “casting” e evaporação de solvente. O polímero (1,75 %, m/v) foi solubilizado em ácido acético (1 %, v/v) e secos em estufa. A caracterização dos filmes foi realizada através de MEV, FTIR, propriedades mecânicas (elasticidade, tensão de ruptura e módulo de Young), capacidade de retenção de fluido (FHC) e atividade antimicrobiana pelo método de disco-difusão em ágar utilizando bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus), Gram-negativas (Escherichia coli) e fungos (Candida tropicalis). Resultados: Na análise do GD pelo método da titulação condutivimétrica obteve-se o valor de 88 %, enquanto que valores de 87 % a 94 % foram obtidos utilizando a relação entre as bandas de absorção no FTIR. O primeiro método mostrou-se mais preciso, uma vez que o resultado obtido pela relação entre bandas pode variar conforme as bandas escolhidas. Análises de MEV mostraram filmes densos e homogêneos com espessura de aproximadamente 0,24 mm. O espectro obtido por FTIR revelou picos característicos da quitosana em 3500 cm-1 e 3000 cm-1, relativos ao estiramento do grupo NH2. Em 1731 cm-1 foi observado o estiramento dos grupos C=O da carbonila do grupo acetil. Em 1063 cm-1 e 1022 cm-1 foram identificados picos relativos às hidroxilas. Quanto às propriedades mecânicas, o filme apresentou elasticidade de 22%, tensão de ruptura de 13 MPa e módulo de Young de 5 MPa. Em outros trabalhos, encontrou-se uma elasticidade de até 50%. Para filmes comerciais, a elasticidade varia de 70 % a 130 %. O módulo de Young para curativos comerciais varia de 6MPa a 35MPa. O FHC médio dos filmes foi de 1,91 g/cm2 dia, próximo ao de outros filmes encontrados na literatura. A quitosana apresentou atividade antimicrobiana contra os três microrganismos estudados. Os halos de inibição para S. aureus, E. coli e C. tropicalis foram de 6,6 mm, 8,46 mm e 6,6 mm, respectivamente. Conclusão: O filme produzido apresentou propriedades antimicrobianas satisfatórias, uma vez que inibiu o crescimento das bactérias e fungo testados. Em relação às propriedades físico-químicas, a elasticidade do polímero e o módulo de Young podem ser melhorados. Na continuidade deste trabalho serão avaliados o ácido lático como solvente da quitosana e a mistura deste com ácido acético a fim de melhoraras propriedades dos filmes formados.


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ISSN 2764-2135