PROCURA-C NO SISTEMA PRISIONAL DO RIO GRANDE DO SUL

Eduarda Gassen Boeira, Lia Gonçalves Possuelo, Aline Daniele Schuster, Pauline Schwarzbold da Silveira, Lizete Plotzki, Leonardo Silveira Nascimento, Renata Maria Dotta, Eduardo Emerim

Resumo


Introdução: As hepatites virais configuram-se como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo – atingindo, sem discriminação, várias parcelas da população; o que acarreta em grande impacto de morbidade e mortalidade. As hepatites virais estão incluídas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). É no ODS 3 e meta 3.3 o grande objetivo de saúde, através da proposta de uma vida saudável e promoção do bem-estar para todos, em todas as idades independentemente do sexo, já a segunda estabelece que até o ano de 2030, ocorra a eliminação das epidemias de HIV, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, além do combate específico a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis. As metas globais para eliminação do HCV até o ano de 2030 da OMS estabelecem que 80% dos casos elegíveis sejam tratados, a redução de 90% na incidência de novas infecções, além da redução de 65% na mortalidade relacionada a patologias hepáticas. A região Sul do Brasil apresentou, no ano de 2020, a maior taxa de detecção dos casos confirmados pelo vírus da hepatite C, com 12,1 casos/100 mil habitantes. A capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, apresentou taxa 10 vezes maior que a média nacional, com 47,2 casos por 100 mil habitantes, a maior taxa entre as capitais do país. Objetivo: Estimar a prevalência e a incidência de Hepatite C e o impacto da porta de entrada no sistema prisional, além da taxa de pacientes estadiados e encaminhados para tratamento no sistema prisional do Rio Grande do Sul. Métodos: estudo transversal retrospectivo, que utilizou dados secundários referentes a testagem rápida com fluido oral para HCV realizada no projeto de intervenção “Projeto Procura-C: SUS em busca de todos” realizado pela Superintendência de Serviços Penitenciários e Secretária Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul em parceria com o Ministério da Saúde. Os testes do projeto de intervenção foram realizados entre os meses de junho e agosto de 2022 no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul e Presídio Feminino Estadual de Rio Pardo; através dos quais foram realizadas análises para determinação de porcentagem de positividade, bem como as taxas de prevalência e incidência. Para cálculo da taxa de prevalência foi considerado o número de casos reagentes no período, dividido pelo número total de apenados no mesmo período. Resultados: No total foram aplicados 272 testes, o que representa 81% da população privada de liberdade das duas instituições penais. Um total de 5 testes foram considerados reagentes, o que reflete em uma prevalência de 1,83%. Não houveram casos novos identificados neste estudo, portanto a foi incidência zero. Todos os casos positivos identificados já eram de conhecimento da equipe de saúde prisional, pois foram identificados na triagem na porta de entrada das instituições prisionais e devidamente encaminhados ao estadiamento e tratamento para HCV. Conclusão: Não foram identificados casos novos e a prevalência foi de 1,48% o que reflete a eficácia dos serviços de porta de entrada do Sistema Prisional do Rio Grande do Sul, já que entre os mais de 200 testes aplicados nas duas casas prisionais do estado, todos haviam sido previamente detectados; exemplificando o correto direcionamento dos serviços de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos de Hepatite C e de outras doenças infecciosas, contribuindo sobremaneira para micro eliminação da doença.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135