ACOLHIMENTO À POPULAÇÃO IDOSA EM SITUAÇÃO DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: DISCUTINDO O CAPACITISMO
Resumo
O Capacitismo configura-se como o preconceito sofrido, sobretudo, pelas pessoas com deficiência em virtude da diversidade de seus corpos. Estes, ao destoarem dos padrões normalmente aceitos pela sociedade, acabam por ser subestimados e incapacitados. Neste cenário, em que apenas corpos considerados saudáveis e esteticamente qualificados são validados, os idosos também se colocam como um grupo alcançados pelo estigma do capacitismo. Assim, com vista a alcançar esta população, o Coletivo de Extensão e Pesquisas Anticapitalistas do Instituto de Psicologia (CEPAC) contribui com o desenvolvimento do projeto "Brincar de Viver", o qual objetiva auxiliar idosos com déficits cognitivos e em situação de vulnerabilidade a desenvolver habilidades sociais através de arte e da inclusão digital. Desta forma, promove a interação entre os participantes e destes com as tecnologias, no intuito de enfrentar o isolamento social e promover a saúde. Este projeto pauta-se no Modelo Social da Deficiência, o qual preza pela construção de um espaço de acolhimento, cuidado e interdependência, afastando-se do Modelo Biomédico. Além disso, baseia-se também na Premissa da Equidade Racial, pois reconhece o racismo como elemento estrutural da sociedade que se articula ao capacitismo no agravamento das violências vividas. Por este motivo, o CEPAC também tem por objetivo ampliar a participação de idosos negros no projeto. Neste sentido, em 2020, fez-se uma busca ativa por idosos negros, a qual foi possível através de parceria com duas unidades do Centro Dia do Idoso (CDI) - política pública destinada ao atendimento a idosos. Atualmente, o grupo atendido pelo CEPAC conta com 8 idosos efetivos, além da presença eventual dos demais participantes dos CDIs. Quanto à metodologia, são realizados encontros semanais e virtuais, através da plataforma Google Meet, nos quais são ministradas oficinas temáticas de palhaçaria, música, contação de história e outros recursos lúdicos e artísticos. A fim de estabelecer vínculos, também são mantidos contatos por meio de grupo no WhatsApp e atendimentos individualizados, que se dão por meio de ligações periódicas, aos idosos. Como resultados, percebe-se que além de desenvolver a inclusão social e digital na vida da pessoa idosa durante o período de pandemia e pós-pandemia, o projeto também possibilita aos estudantes e integrantes da equipe a promoção de uma reflexão sobre o lugar social do idoso(a). Outro resultado importante é a confecção do livro intitulado “Relicário de Memórias: por uma velhice brincante”, a ser lançado em 2022, com apoio da ProRext. Assim, este projeto reforça a importância da extensão universitária como um espaço de compartilhamento acerca de importantes questões sociais envolvendo acesso, Políticas Públicas e interseccionalidade entre raça e deficiências. Ainda, identifica-se a constituição do Brincar de Viver como uma espaço terapêutico que promove lazer, bem-estar e, consequentemente, saúde.
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ISSN 2764-2135