ACOLHIMENTO DE PESSOAS TRANSGÊNERO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: ANÁLISE DE UM AMBULATÓRIO MULTIPROFISSIONAL NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Introdução: A definição de gênero é complexa, contudo o termo pode ser explicado como uma construção social relativa às expectativas que as sociedades têm sobre comportamentos, pensamentos e características que acompanham o sexo biológico das pessoas: feminino e masculino. A identidade de gênero é o modo como indivíduos se sentem e se identificam em relação aos seus corpos, em articulação à definição supracitada. Neste contexto, algumas pessoas não encontram verossimilhança entre os seus sexos biológicos e os gêneros que lhes foram atribuídos. Assim, emergem as diversas identidades de gênero que incluem o masculino, o feminino, o transgênero, o neutro, o não-binário, o agênero, o pangênero, o genderqueer, o two-spirit, o terceiro gênero, entre outros. Devido a essa diversidade e aos desafios que tais pessoas enfrentam nos seus cotidianos, foi criado, no ano de 2019, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o Ambitrans (Ambulatório Multiprofissional de Atenção à Saúde da População LGBTQIA+). O objetivo deste projeto de extensão é atender de forma integral e longitudinal esse grupo populacional. Objetivo: O presente estudo tem por objetivo analisar a forma como se realiza o acolhimento e o acompanhamento de pessoas transgênero no município de Santa Cruz do Sul, no do Sistema Único de Saúde. Método: Trata-se de um estudo qualitativo em que foram compiladas e discutidas informações relativas ao funcionamento do Ambitrans. Para tanto, as informações foram aproximadas aos conhecimentos apresentados em cartilhas de saúde, reportagens e artigos referentes ao tema abordado. Resultados: O ambulatório funciona dentro do campus da Unisc e é voltado para o atendimento de pessoas transgênero, visando o bem-estar dessa população. Suas ações beneficiaram, ao todo, 375 pessoas. O projeto conta com uma equipe composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais preparados para atender as demandas dessa população por meio de atendimentos individuais, rodas de conversa e grupos de apoio. O acolhimento ocorre semanalmente e os grupos de apoio acontecem nas primeiras e terceiras terças-feiras de cada mês, no turno da noite. Entretanto, suas atividades foram suspensas durante a pandemia. A criação dos ambulatórios voltados para a população transgênero faz parte da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), que reconhece a demanda desta população vulnerável e serve como documento norteador e legitimador das necessidades específicas. Essa política reafirma o compromisso do Sistema Único de Saúde com a universalidade, a integralidade e com a efetiva participação da comunidade, por isso, ela contempla ações voltadas para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, além do incentivo à produção de conhecimentos e o fortalecimento da representação do segmento nas instâncias de participação popular. Conclusão: O Ambulatório Multiprofissional de Atenção à Saúde da População LGBTQIA+, voltado para o público transgênero, cumpre metas relativas às diretrizes brasileiras que regulam o funcionamento dessas instituições. Deste modo, acolhe e acompanha pessoas transgênero de forma a garantir a inclusão social – especialmente relativa ao campo da saúde – ao atender suas necessidades médicas, psicológicas e sociais.
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ISSN 2764-2135