Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Unisc

O presente trabalho denomina-se Teórico Analítico e foi realizado como tarefa integrante das atividades obrigatórias do Estágio Integrado em Psicologia I e II do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

Realizado em um Centro de Oncologia Integrado de um hospital da região, o trabalho apresenta dois estudos de caso para embasar a discussão sobre o luto antecipatório vivenciado por pacientes oncológicos em processo de terminalidade, buscando compreender pontos importantes que impactam no emocional do paciente nesse momento. O luto antecipatório é um fenômeno ligado à iminência e proximidade da morte, proporcionando aos familiares uma experiência prévia das reações de luto. Estudos mais recentes sobre o tema consideram também o paciente portador de uma doença grave como alguém que também vivencia o luto antecipado por si mesmo, não apenas os seus familiares.

 Os casos aqui apresentados, ambos atendidos por mim durante o estágio na instituição, contrapõem-se em muitos aspectos, desde o número de atendimentos realizados e também devido a características próprias de cada paciente, desde o diagnóstico, configuração familiar, rede de apoio, etc. Assim, devido às grandes diferenças, o trabalho realiza uma comparação explicativa do luto antecipatório no processo de fim de vida desses pacientes e de seus familiares, relacionando com a teoria.

Para o paciente oncológico, pensar sobre a morte é inevitável. Além do sofrimento físico, das dores e das violações sofridas pela doença e tratamento, ainda há o sofrimento emocional diante do prognóstico ruim, da terminalidade da vida e da iminência da morte. São vários os questionamentos que o paciente tem neste momento, anseios, medos e angústia, por isso o principal objetivo do trabalho é contribuir para discussões acerca dessa temática tão importante e que se faz tão presente em instituições hospitalares. O luto é um processo complexo, constituindo-se basicamente pela perda de algo ou alguém e envolve sentimentos de tristeza e de pesar, podendo ser real ou simbólico.  

Justamente por conta dessas inquietações que surgem ao falarmos sobre morte, torna-se cada vez mais necessário trazê-lo para os acadêmicos de psicologia e demais cursos da saúde, por lidarem diretamente com seres humanos e por estarem inseridas nos mais diferentes ambientes, como nos hospitais, onde a morte se faz presente.

Em uma instituição referência para pacientes oncológicos, é fato que o luto é um elemento indissociável, porém, a tendência da sociedade brasileira em ignorar assuntos relacionados à morte e finitude da vida humana, torna esta uma grande problemática para pessoas que se encontram em situação de terminalidade e próximas da morte, que não encontram espaço de escuta nesse momento, principalmente enquanto vivenciam o luto antecipatório. 

Dito isso, através dos casos apresentados, o objetivo foi analisar e compreender o processo de luto vivenciado pelos pacientes e familiares, que se inicia muitas vezes no momento do diagnóstico oncológico. A partir disso, refletir sobre as vivências de luto antecipatório até o momento da sua morte de fato.