PARTICIPAÇÃO: CATEGORIA CHAVE NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE VALE DO SOL

Cheron Zanini Moretti, Everton Luiz Simon, Eduarda Baumann, Luiza Schroeder da Silva, Águeta Pozzebon

Resumo


O presente estudo é resultado parcial do projeto de pesquisa Educação, Trabalho e Emancipação: experiências pedagógicas das Escolas Famílias Agrícolas do Vale do Rio Pardo e tem como intuito analisar a importância da “participação” dos/das jovens, famílias e educadores/as na construção de conhecimentos na Escola Família Agrícola de Vale do Sol (EFASOL). A temática teve origem nos diálogos entre os educadores/as das EFA’s com os pesquisadores/as e organizadores/as do XXIII Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire que ocorreu em maio de 2022 na Universidade de Santa Cruz do Sul. A EFASOL é uma escola de Ensino Médio e Técnico em Agricultura, localizada no município de Vale do Sol, fundada em março de 2014 e que tem como referência a pedagogia da alternância (PA). A metodologia de pesquisa foi dialógica e participativa uma vez que os “círculos de culturas” também foram organizados pelos/as estudantes e educadores/as da escola em questão. Em dois momentos distintos, reuniram-se 92 estudantes do Ensino Médio e 02 educadores/as para debater a “Participação”. Assim, Paulo Freire foi o principal referente nos aspectos teórico-metodológicos, bem como epistemológicos para esse trabalho coletivo. O círculo de cultura possibilitou um diálogo aberto sobre a participação dos sujeitos nos diferentes Instrumentos Pedagógicos (IP) que concretizam a PA na EFASOL. Foram relatados o modo que os/as jovens participam e como eles/as sentem-se pertencentes nos diferentes ambientes que a PA acontece, em especial, nos 11 IP’s realizados no contexto da Covid-19. De acordo com os/as jovens, a participação nas atividades escolares ocorre também pelos/as educadores/as e pelas suas famílias, como nas tomadas de decisões, nos acordos/regras e o acompanhamento da formação dos/das filhos/as, com destaque para o “Caderno de Acompanhamento”, “Rodas de conversas” e “Assembleias”. A relação inicial ocorre através dos/as educadores/as ao aproximar experiências escolares com as famílias e realidades de propriedades rurais, fazendo com que essa participação se fortaleça com o passar dos anos, oportunizando que os/as jovens construam autonomia e liberdade de expressão, ou seja, que suas ideias e posicionamento tenham “voz ativa”. Nesse sentido, as aulas na EFASOL, são construídas a partir das informações propostas pelos educadores/as junto com as experiências e reflexões dos/as estudantes, sistematizadas previamente e socializadas na “Colocação em Comum”, gerando um diálogo orientado, em que há possibilidade de relatar os saberes provenientes de seu ambiente familiar, comunidade e município. Ademais, essa dinâmica promove uma relação de amizade entre os/as jovens e os/as educadores/as, baseada na confiança e na convivência igualitária, transpassando assim para as famílias que se fazem mais presentes no âmbito e vida escolar dos/das filhos/as, da mesma forma mantendo mais proximidade com os/as educadores/as. A análise, portanto, possibilitou a compressão sobre a importância da participação dos/as estudantes com os/as educadores/as e suas famílias na EFASOL, mostrando que há diferentes realidades nas propriedades familiares, mas que juntos/as eles/as criam vínculos pelo afeto, pelo trabalho e pelo conhecimento através da participação coletiva. Assim, a “participação” é categoria-chave para a construção de novos conhecimentos na escola.

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ISSN 2764-2135