ALFABETIZAÇÃO E LEITURA– O QUE FAZ DE UMA CRIANÇA UM LEITOR?

Luzia Lopes, Talula Montiel Severo Trindade, Carla Lavínia Pacheco da Rosa

Resumo


Este trabalho é um relato das práticas pedagógicas vivenciadas através das
oficinas de alfabetização e letramento, realizadas com crianças de 1° ao 5º ano
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, através do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência/PIBID/CAPES, subprojeto 1- Pedagogia da
Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC, em duas escolas parceiras do
Programa e das ideias referentes à formação de leitores na escola, postas em
prática através das oficinas. Além da busca pela ampliação e qualificação dos
conhecimentos em leitura e escrita na perspectiva da alfabetização, buscou-se
que as crianças pudessem conhecer diferentes tipos de textos, reconhecer
autores, contribuindo significativamente com a formação de leitores literários. As
oficinas aconteceram semanalmente, nas escolas Escola Estadual Estado de
Goiás e Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário. Através de
círculos de leitura, leitura compartilhada, contação de histórias, interpretação de
textos e rodas de conversa, as crianças tiveram a oportunidade de ampliar seu
repertório leitor e aproximar-se do universo literário, tantas vezes absolutamente
distante do cotidiano. Como professoras, acreditamos que o planejamento seja
essencial em nossa profissão e, para que pudéssemos melhor nos organizar em
relação às oficinas, a cada encontro buscamos possibilidades de respostas para a
seguinte pergunta: O que faz de uma criança um leitor? Acreditamos que a
literatura infantil está intrinsicamente ligada ao ambiente escolar. Levando em
conta que as crianças são compreendidas como sujeitos que devem ser
educados na escola, a literatura tem estado presente das mais diferentes formas,
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
seja para ensinar sobre procedimentos e condutas desejáveis, servir de
pressuposto para atividades de alfabetização e letramento, complementar
aprendizagens, para momentos de relaxamento, para aguçar a imaginação,
ampliar o gosto pela leitura, entre outros. No entanto, o que percebemos no dia a
dia da escola, é que ainda que a literatura seja amplamente explorada para os
mais diversos fins e que as crianças tenham acesso a vários gêneros textuais no
ambiente escolar, há uma grande lacuna quando pensamos na formação de
leitores. Talvez pelo fato de termos um currículo bastante amplo e diverso a ser
cumprido ou pelos professores não virem de um ambiente leitor nem de famílias
leitoras, a escola ensina a ler, porém, muitas vezes, não forma leitores. Muito
além do processo de decodificar letras, está a leitura do mundo, das mais
diferentes formas que se pode haver. Para isso faz-se necessário um professor
mediador, que leve até as crianças diferentes tipos de textos, simplesmente para
lhe ensinar o prazer de ler. Buscamos sempre com que os alunos se
apropriassem das histórias lidas, posicionando-se ante os fatos narrados,
defendendo ou interrogando os personagens, imaginando e recriando situações e
enredos. As crianças tiveram ainda oportunidades de escolherem livros para
lerem ou para serem lidos em conjunto, pois, acreditamos que a escolha faz parte
do processo de constituição da identidade de cada um e das suas formações
como leitores. Podemos dizer que os resultados foram animadores, tanto no que
se refere à alfabetização e leitura das crianças quanto às suas constituições como
leitoras. Notamos que as crianças construíram autonomia na escolha de livros a
serem lidos por elas ou em conjunto com a turma. Ler tornou-se um prazer e não
somente um meio para aprender outras coisas. As crianças passaram a
compreender melhor dados implícitos e explícitos das diferentes obras literárias a
que tiveram contato, mostrando que a leitura para estas crianças ultrapassou o
patamar da decodificação. Conclui-se, portanto, que para formarmos leitores do
mundo, há que se haver um planejamento específico para isso, que entenda a
leitura como uma forma de ver o mundo de diferentes ângulos. Neste sentido, é
necessário não somente oferecer obras literárias de boa qualidade, mas, também,
possibilitar momentos de leitura e diálogo e interação a respeito das mesmas.

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