Neste trabalho apresentamos resultados de uma atividade que foi desenvolvida
em 2015 em uma oficina de aprendizagem de Matemática e que envolveu os
licenciandos e 12 alunos que apresentam deficiência auditiva. Esses alunos, do 6°
ao 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede Estadual de Ensino do
município de Santa Cruz do Sul-RS, participaram da oficina em um turno oposto
daquele que ocorre comumente as suas aulas. Como constatamos que esses
alunos apresentavam dificuldades em visualizar as horas em, decidimos como
uma das atividades desta oficina realizar a construção de um relógio analógico
com a utilização de materiais reciclados. Os alunos confeccionaram um relógio
com 90 centímetros de diâmetro que necessitou como recursos: papelão,
tampinhas de refrigerantes, uma régua de um metro, um transferidor de madeira,
canetinhas, tesoura, cola, prego de duas pontas e papéis coloridos. Os alunos
escreveram no relógio os valores correspondentes as horas, colaram cinco
tampinhas de garrafas entre as horas para representar e totalizar os 60 minutos e
por fim colocaram os ponteiros das horas e minutos. Após essa construção, os
alunos foram questionados sobre o porquê de colar as tampinhas, bem como foi
proposta a representação de algumas horas e minutos no relógio, e algumas
representações que envolviam frações de uma hora. A construção do relógio
possibilitou aos alunos com deficiência auditiva a construção de conhecimentos
ligados a representação de horas e minutos em um relógio. Esses conhecimentos
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
são necessários na vida cotidiana, pois relógios de forma circular podem ser
encontrados em locais públicos, como escolas e rodoviárias, e em formas de uso
pessoal como o relógio de pulso. Além desses conhecimentos, os alunos
puderam aprender conhecimentos de Geometria, tais como a divisão de uma
circunferência em ângulos com mesma medida. No decorrer da atividade, foi
possível constatar que a maior dificuldade na sua realização foi em relação à
comunicação com os alunos, pois mesmo com a ajuda da intérprete de Libras os
alunos apresentaram dificuldades em relação ao entendimento dos
conhecimentos matemáticos que precisavam fazer uso na construção do relógio.
Dessa forma, com a realização desta atividade, podemos concluir que atividades
que envolvem o uso de material concreto são as que vem ao encontro das
necessidades dos alunos com deficiência auditiva e que podem contribuir para a
sua aprendizagem. Contudo, podemos refletir e concluir que há a necessidade de
uma maior formação quanto ao planejamento de práticas de ensino e
aprendizagem para alunos com deficiência auditiva, para que problemas de
comunicação entre o professor e os alunos não prejudiquem a construção de
conhecimentos matemáticos por parte dos alunos.