DESAFIOS DE TRABALHAR COM ALUNOS SURDOS

Graziela Maria Lazzari, Sabrina Bencke, Daiane Kipper, Ivan Kappaun

Resumo


A escola de surdos apresenta-se como um espaço de encontros, sendo muitas
vezes o primeiro espaço de convivência dos surdos com seus pares. Para Thoma
e Kraemer (2009) a escola não compreende somente questões sobre os sujeitos
surdos, mas também questões políticas e culturais. Nessa perspectiva, os alunos
surdos, da E.E.E.M. Nossa Senhora do Rosário se constituem na perspectiva da
diferença cultural, que se dá principalmente pelo uso da língua na modalidade
gesto-visual – a Língua Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo deste trabalho é
problematizar as implicações curriculares das oficinas de Letras-Espanhol do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). na turma de
alunos surdos do 5º ano do Ensino Fundamental. Para isso, permeamos o campo
dos Estudos Surdos, uma vez que se constituiu como um programa de pesquisa
em educação, “onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a
história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas e entendidas
a partir da diferença, a partir do seu reconhecimento político” (SKLIAR, 2010, p.
5). Uma vez que o currículo escolar é estruturado com base no modelo ouvinte,
trabalhar com surdos é um desafio para o professor, exigindo do mesmo:
pesquisa, estudo, conhecimento sobre a cultura, língua e identidades surdas,
além de conhecimento da Libras. Nesse trabalho, estamos compreendendo o
currículo como um artefato que produz sujeitos, independentemente do contexto
de escola bilíngue para surdos ou escola comum. Nessa perspectiva, o “modo de
ser surdo colocado pelo currículo bilíngue é aquele que deseja um sujeito surdo
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
fluente na língua de sinais e que aprenda através dela, branco, letrado,
heterossexual, etc. (THOMA, 2012, p. 211-2012). Desse modo, deve se adotar
diferentes estratégias e recursos para que os mesmos conteúdos ensinados a
alunos ouvintes possam ser aprendidos por alunos surdos. Assim, sabe-se que a
aquisição da língua estrangeira e também da língua portuguesa, bem como da
Libras por alunos surdos são possíveis. Sendo assim, consideramos importante a
perspectiva bilíngue, que leva em consideração a criação de ambientes
linguísticos para aquisição da Libras como primeira língua (L1) e a aquisição da
língua portuguesa como segunda língua (L2) por crianças surdas(THOMA et. al,
2014). Nessa perspectiva, ao trabalho realizado com os alunos surdos do 5º ano
do Ensino Fundamental da referida escola considerou os aspectos cognitivos no
aprendizado de Língua Espanhola (LE), configurando-se como uma terceira
língua, de modo a auxiliar e consolidar a construção do conhecimento. Instigar os
alunos na aprendizagem da LE, trabalhando com diferentes recursos visuais e
tecnológicos: como a construção de cartilhas, pesquisa em dicionários ilustrados
e mídias. Para a utilização de diferentes recursos e metodologias de ensino, fezse
necessário conhecer as implicações culturais próprias da comunidade surda de
modo a contribui na formação dos mesmos. Estudar os aspectos cognitivos na
aprendizagem da LE.apresentou-se também como uma forma de instigar os
alunos surdos na aprendizagem da L2,visto que o aprendizado de uma língua
favorece o aprendizado de outras. O trabalho realizado com os alunos surdos, por
meio de diferentes recursos, despertou nos mesmos motivação em aprender,
propiciando um ambiente de descoberta. Queremos, sobretudo, destacar o
contexto de trocas de saberes no que remete a aprendizagem da LE e L2 por
parte dos alunos surdos e a aprendizagem da Libras por parte das bolsistas
acadêmicas do Pibid, qualificando a formação acadêmica e profissional das
mesmas. Assim, o trabalho destacado vai ao encontro do que propõe o programa,
que dentre seus objetivos aponta para a formação de professores. Para isso,
propicia a inserção dos licenciandos no cotidiano escolar da rede pública da
educação básica, e assim propicia oportunidades “de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador
e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no
processo de ensino-aprendizagem” (CAPES, 2008, p. 1).

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