ESTUDO DIRIGIDO EM FÍSICA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR E DA NECESSIDADE DE DEDICAÇÃO DO ALUNO AO ESTUDO

Bruno Siqueira, Luiz Airton da Silveira, Manoel Leonardo Feitosa Neto, Cláudia Mendes Mählmann

Resumo


Um dos grandes problemas enfrentados pelos professores da educação básica na
área da Física é a falta de tempo que possuem para abordar todos os conteúdos
obrigatórios a serem trabalhados na área. Estes conteúdos não devem ser
apenas abordados e ensinados pelos professores, mas também se deve avaliar a
aprendizagem, e se esta não for satisfatória devem ocorrer revisões e
reavaliações até que o aluno alcance o mínimo esperado. Para a Física são
cerca de 60 (sessenta) tópicos que devem ser abordados, trabalhados e
discutidos em sala de aula. Com um total de 200 (duzentos) dias letivos, tem-se,
em média, 3 (três) dias para trabalhar, discutir cada um deles e depois avaliar se
os alunos os compreenderam. Porém esse é só o princípio de todo o problema.
Podem ocorrer situações que fazem com que aconteça menor número de aulas,
ou mesmo redução do tempo destas, o que pode acarretar na descontinuidade de
conteúdos que incialmente dispunham de apenas três dias para serem
abordados. Ainda, deve ser considerado que o Exame Nacional de Ensino Médio
ocorre antes do término das aulas do terceiro ano do ensino médio, reduzindo
ainda mais o tempo necessário para o professor apresentar, explicar, avaliar,
retomar e reavaliar todos os conteúdos previstos. Com todos esses agravantes, o
professor tem que se dedicar mais para que consiga cumprir com a demanda dos
assuntos, e o aluno também tem que cumprir seu dever de ser um agente ativo
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nesse processo. O profissional da educação dispõe de algumas ferramentas para
auxiliá-lo nessa tarefa, sendo uma delas o estudo dirigido, que atualmente tem
sido bastante discutido e que pode ser interessante como metodologia de ensino
a ser aplicada no ensino médio. Esta metodologia envolve, por definição, o
trabalho do professor envolvendo um assunto da aula e dirigindo-o a um aspecto
mais específico de um todo. Porém o professor da escola de ensino médio para
poder aplicar este método deverá mudar um pouco essa definição. Como por
exemplo, terá que produzir um material extraclasse para o aluno estudar de tal
forma que possa ser cobrado em alguma avaliação. Esse mecanismo tem que ser
incluído como parte de todo o processo de construção do conhecimento do aluno
e deve ser usado de maneira coerente com todo o andamento dos conteúdos
abordados e aulas do ano letivo. Um dos pontos mais importantes desse método
de ensino extraclasse é que ele transcende a todos aqueles problemas da falta de
tempo que inevitavelmente o professor tem, e que faz parte da realidade do
ensino atual, principalmente em áreas como a Física. Deve-se considerar ainda
que o ambiente que o aluno escolherá para estudar esse material será o mais
confortável e propício para ele, levando em consideração que há a possibilidade
de outras fontes de conhecimento que poderá buscar, como seus colegas, seus
pais ou responsáveis, bem como a internet e tecnologias atuais que geralmente
não são utilizadas no ensino formal. O ambiente, as tecnologias, a liberdade de
gerar o conhecimento e de trocar informações, estimulam o pensamento de um
pesquisador e, consequentemente, o pensamento crítico. É uma prática diferente
do estudo autodidata, no passo de que o professor foi quem desenvolveu o
material que será utilizado pelo aluno; e do “homeschooling”, pois este usa os
pais como caminho para a formação do conhecimento e não o educador. Há
algumas semelhanças entre essas práticas, os alunos ficam mais tempo em casa
estudando e praticando as áreas do conhecimento que eles mais têm aptidão, o
que resultará em uma escolha profissional melhor, bem como uma boa qualidade
de vida. Deve-se considerar que a escolha profissional é muito difícil para os
adolescentes, que são a maioria dos alunos de ensino médio, e uma prática que
facilite essa escolha é de suma importância. Esta possibilidade de
complementação do ensino também prepara o estudante para a vida acadêmica
em instituições de ensino superior. Pois essa etapa do ensino é mais autodidata
conforme se avança para a conclusão do curso, gerando situações de autonomia,
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aprendizagem de como aprender, busca de novos assuntos, entre outros.
Portanto a prática do estudo dirigido adaptado para a prática do ensino médio tem
grande potencial de resolução dos problemas relacionados ao tempo de ensino
disponível ao professor, ajuda com o amadurecimento do aluno, o auxilia na sua
escolha profissional, bem como na sua preparação para o ensino superior.

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