INDAGAÇÕES ACERCA DA INTERDISCIPLINARIDADE

Aline Flores dos Santos, Adriana Magedanz

Resumo


O presente trabalho busca evidenciar um panorama de discussões sobre a
interdisciplinaridade dentro do subprojeto Interdisciplinar Ensino Médio – IEM,
vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência do Centro
Universitário UNIVATES – Pibid/Univates, financiado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. O referido grupo conta
atualmente com doze bolsistas, acadêmicos de diferentes licenciaturas da casa,
duas supervisoras e uma coordenadora de área. Entre os objetivos traçados, se
propõe expor os sentimentos de futuros professores, de áreas distintas, perante a
realização de práticas interdisciplinares, realizadas na escola parceira, bem como
promover diálogos colaborativos entre os envolvidos, visando o desprendimento
de conceitos já elaborados dentro da perspectiva exclusiva de sua formação
docente. Também busca melhor compreender este movimento pedagógico
inovador, que preza pela integração dos saberes, considerado por muitos como
um novo paradigma no processo ensino-aprendizagem. Um dos obstáculos
percebido pela equipe é a insegurança visível dos educadores diante das práticas
interdisciplinares e, considerando tal situação, o subprojeto IEM apropriou-se de
leituras concisas sobre o tema. Embora a temática relativa aos conceitos
interdisciplinares já venha sendo pesquisada e analisada por alguns teóricos
renomados na área, como Fazenda, Pombo, Siqueira, entre outros, ainda é uma
proposta bastante nova dentro do contexto escolar, um processo no qual os
próprios professores da escola ainda não sentem segurança suficiente para
inserir em suas práticas docentes cotidianas. Os bolsistas de iniciação à
docência, além de também se sentirem inseguros com relação ao tema
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
interdisciplinaridade, não tinham ideia da reação dos educandos ao
desenvolvimento de ações pedagógicas interdisciplinares, tema que foi abordado
no decorrer das aulas. Nessa mesma linha, o planejamento das práticas contou
com metodologias diferentes das quais os estudantes conviviam diariamente,
como a globalização dos conteúdos, visitas guiadas a diferentes locais, dinâmicas
expositivas interativas, recursos audiovisuais, desafios coletivos, entre outros.
Todas as dinâmicas propostas, bem como as leituras efetuadas, vieram ao
encontro dos estudos realizados há alguns anos por Fazenda (1999). Buscando
argumentar e solidificar a decisão pelo modelo interdisciplinar de trabalho,
Andrade (1995) afirma:
Na medida em que garantimos a integração dos conteúdos, estamos
garantindo também sua significação para os alunos. Consequentemente,
crescerá o interesse dos alunos pela escola, que cada dia mais, perde
espaço para a mídia e para todos os atrativos tecnológicos e eletrônicos
dos meios de comunicação, computação e diversão.
Através das rodas de conversa, promovidas dentro do subprojeto IEM, foi
possível vivenciar testemunhos de bolsistas sobre as possibilidades e dificuldades
com relação ao planejamento e a execução de uma prática, de fato,
interdisciplinar. Especificamente no subprojeto supracitado, as ações foram
desenvolvidas com alunos do primeiro ano do Ensino Médio Politécnico de uma
escola pública de Educação Básica do Município de Lajeado/RS. Ao longo do
processo, as experimentações foram desencadeando dúvidas e alguns
questionamentos, vindos dos próprios pibidianos, proporcionaram diversas
reflexões nos debates transcorridos no grupo após a finalização de cada
intervenção em sala de aula. Tendo em vista o conjunto de discussões ocorridas,
as provocações foram acerca do fazer interdisciplinar e as relações entre o que
vinha sendo estudado teoricamente e colocado em prática no ambiente escolar,
configuraram-se novos conceitos com relação a interdisciplinaridade e outras
visões, no que tange as formas de colocá-la em prática na sala de aula. Conforme
o contato dos pibidianos com os alunos, com os professores e com a comunidade
escolar aumentava, a insegurança foi se extinguindo do contexto. E, talvez em
função dessa interação exitosa entre teoria e prática, que os medos foram
sucumbindo e as práticas previstas exercidas com mais satisfação e sucesso. É
consenso que a aspiração, às vezes, um pouco confusa na interação alunoUniversidade
de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
professor se integra no planejamento e nas práticas interdisciplinares. A
experiência também permitiu constatar que os professores, superlotados pela
carga horária de trabalho, não encontram tempo para se deter a estudar, elaborar,
planejar e experimentar aulas diferentes. O que, inspirado no excerto supracitado
de Andrade, contribui para a formação de alunos pouco interessados pelo
conteúdo proposto em sala de aula e fascinados pelo mundo midiático. O
conjunto de discussões desencadeou novas questões acerca do fazer
interdisciplinar, tendo como premissa a elaboração de projetos e o desafio de
relacionar o maior número possível de disciplinas. Mas, também surgiu a
necessidade de processar a quebra de um antigo paradigma educacional,
levando em consideração alguns teóricos interdisciplinares, que enfatizam a
importância cada vez maior de unir os diferentes saberes, extrapolando a
fragmentação difundida por muito tempo. Os resultados alcançados, até o
momento, favorecem esta necessidade de mudança, evitando a forma clássica de
“dar aula” e incentivando a adoção de metodologias de ensino diferenciadas.
Portanto, apesar de desafiante, a interdisciplinaridade se torna imprescindível.

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