INTERDISCIPLINARIDADE E VIVÊNCIAS PIBIDIANAS: EXTRATO DE UM DOS SUBPROJETOS DO PIBID/UNIVATES

Adriana Magedanz, Jane Herber, Cristiane Antonia Hauschild

Resumo


Dentre as diferentes ações pedagógicas propiciadas pelo Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência do Centro Universitário Univates –
PIBID/UNIVATES, financiado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), podemos citar a interdisciplinaridade como um
movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, o
subprojeto Interdisciplinar, com atuação no Ensino Fundamental (EF) e no Ensino
Médio (EM), iniciado em março de 2014, é voltado para graduandos das
diferentes licenciaturas existentes na instituição e oportuniza reflexões e práticas
interdisciplinares, contribuindo para uma formação docente mais cooperativa,
colaborativa na busca por um ensinar-aprender menos fragmentado. Apresentar
um pouco desse contexto é o intuito principal dessa escrita. Estimulados pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução
CNE/CEB nº 04, 13/07/2010), que estabelece que pelo menos 20% do total da
carga horária anual do EF e EM destinar-se-ão aos projetos interdisciplinares
criados pela escola, os pibidianos qualificam a formação profissional docente,
rompendo com a visão fragmentada da realidade nos currículos escolares.
Especificamente no que tange as atividades propostas pelo subprojeto
Interdisciplinar Ensino Médio (IEM) do Pibid/Univates, que conta hoje com onze
bolsistas de iniciação à docência e três professoras (sendo duas supervisoras e
uma coordenadora de área), já é possível visualizar algumas dinâmicas
metodológicas diferenciadas, desenvolvidas com algumas turmas de ensino
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
médio da escola parceira. Trabalhar a interdisciplinaridade sob diferentes óticas é
um grande desafio. Não existe dúvida de que somos herdeiros de uma tradição
escolar que compartimentaliza os saberes. E, talvez por estarmos tão
“disciplinados”, a adesão a um princípio pedagógico que traz tamanha incerteza
conceitual, que provoca incômodos na constatação de que, inspirada em Pombo
(2005, p.2), ninguém sabe o que é e nem como se faz, consolida a
interdisciplinaridade como uma opção metodológica que requer desacomodação,
que exige dos envolvidos no processo educacional, “[...] a criação de novos
hábitos e atitudes que permitam a curiosidade, o gosto pela cooperação, o
interesse pelo saber do outro, o desejo de partilha entre os diversos
conhecimentos [...]” (UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS,
2013, p. 24). Buscando abandonar a “zona de conforto” e assumir-se integrante
da “zona de risco”, expressões utilizadas por Borba e Penteado (2001) apud
Araújo (2005, p.4) para designar situações (im)previsíveis e (in)esperadas no
cotidiano do professor, os integrantes do IEM apostam nas perguntas no
planejamento das atividades pedagógicas, com o intuito de incitar a curiosidade a
fim de buscar alcançar a aprendizagem, de fato, significativa. Nessa caminhada,
com enfoque interdisciplinar, normalmente os licenciandos iniciam receosos,
temem pelo que não sabem e ficam vislumbrados quando percebem que a
rodovia a ser percorrida é de várias pistas, permitindo um trânsito de saberes com
itinerários comuns, às vezes apenas em velocidades diferentes. Após a execução
de alguns projetos – “Érico & Da Vinci: uma parceria interdisciplinar”, “Pés na
Cova: um no cemitério e outro na interdisciplinaridade”, “Gincana Natalina”,
“Mundo da Tecnologia na Aprendizagem Interdisciplinar” e “Água: Fonte de
Conhecimento Interdisciplinar” – os pibidianos perceberam que “a
interdisciplinaridade não nega o valor do olhar disciplinar [...] ela pode ser uma
estratégia que permita a conciliação complementar de domínios próprios de
diferentes áreas do conhecimento” (UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES
COMUNITÁRIAS, 2013, p. 23). Dessa forma, percebe-se certa flexibilidade
pedagógica, oportunizando aos envolvidos um olhar mais abrangente e
contribuindo para o desenvolvimento da docência colaborativa. Sabe-se que, para
o curto período de análise da proposta, um pouco mais de um ano, os resultados
são preliminares, mas é consenso no grupo que as ações decorrentes dessas
experimentações iniciais do subprojeto IEM do Pibid/Univates servirão de alicerce
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
para projeções futuras. Mais do que isso, na busca contínua pelo “aprender a
aprender”, ponderar sobre possibilidades educacionais diferenciadas torna-se
uma necessidade de um profissional de ensino qualificado. Buscar estabelecer
ligações de complementaridade, convergência, interconexões e passagens entre
os conhecimentos dos diferentes componentes curriculares é meta contínua e,
enquanto professor, experimentar possibilidades de mudança, sem medo de fazer
errado, torna-se uma necessidade em prol dos avanços da educação nacional.

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