OFICINA PIBID: JORNAL DO IMIGRANTE

Laís Pellizzaro Brisotto, Manola Bianchi, Suzana Pagot

Resumo


Este resumo tem por objetivo apresentar o relato de experiência da oficina Jornal
do Imigrante1, elaborada pelas bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID-CAPES), graduandas em Letras-Português, da
Universidade de Caxias do Sul, sob a coordenação da professora Suzana Pagot e
supervisão da professora Silvete Müller.
A atividade realizada entre os meses de abril a setembro de 2015,com os alunos
do Ensino Médio, do Colégio Estadual Imigrante, de Caxias do Sul, RS, foi
pensada a partir da contextualização da realidade escolar, dos Parâmetros
Nacionais Curriculares (PCN), dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Médio (PCNEM) e das Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEM) e
norteada pelos estudos sobre gêneros discursivos, procurando instigar o interesse
dos estudantes quanto à leitura e à escrita dos diferentes gêneros presentes em
jornais de circulação nacional.
Tanto os PCN, como os PCNEM e as OCEM norteiam o ensino de língua
portuguesa na perspectiva do desenvolvimento das habilidades de leitura e
escrita, tendo como base as teorias sobre gêneros, os quais são fundamentais,
porque estão profundamente vinculados à vida social e cultural, cooperando para
uma boa organização e ordenação das atividades diárias de comunicação.
Conforme assinala Marcuschi (2002), todas as produções que fazemos se
manifestam em algum gênero textual, por isso, a importância de conhecer o
funcionamento dos gêneros, que são relevantes tanto para a compreensão,
quanto para a produção.
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
Pensando na contextualização da realidade escolar e procurando provocar o
interesse dos estudantes, foi proposto que eles trouxessem para a primeira oficina
produções de sua própria autoria, a fim de valorizar a autoria e também textos de
seu interesse, para conhecer seus critérios de seleção, pois como assevera um
dos objetivos do PCN relativo ao ensino da língua portuguesa,
O aluno deverá passar a lidar com situações de interação que se
revestem de uma complexidade que exigirá dele a construção de
saberes relativos ao uso de estratégias (lingüística, textual e pragmática)
por meio das quais se procura assegurar a autonomia do texto em
relação ao contexto de situação imediato; (PCN, 2000, p.32)
A organização das ações se configurou em forma de sequência didática, seguindo
a perspectiva que assinala Dolz (2004), ao asseverar que a finalidade desse
procedimento é capacitar o estudante no entendimento do gênero, tornando-o
apto a escrever ou falar em diferentes situações comunicacionais de forma mais
adequada. Assim conduzidos, os encontros propiciaram a apropriação dos
aspectos lingüísticos, semânticos e pragmáticos pertinentes aos gêneros
trabalhados.
Em um segundo momento, foram elaborados módulos para as práticas,
envolvendo atividades e dinâmicas orais e escritas, individuais e coletivas, dando
ênfase às realizações orais, a fim de analisá-las na perspectiva do cenário que
compõem o universo da imprensa. Nessa perspectiva, articulamos o trabalho de
produção textual, próprio da escola, com os diferentes gêneros de circulação
social, ou de outro modo, asseguramos a “ [...]extraordinária oportunidade de se
lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos do dia a dia. Pois nada
do que fizermos linguisticamente estará fora de ser feito em algum gênero”
(MARCUSCHI, 2002, p.33).
Na última etapa, os alunos escolheram os gêneros sobre os quais gostariam de
se dedicar e de escrever para compor as diferentes seções do jornal. Superada
esta fase por meio de sucessivas revisões e reescritas, de reflexões acerca da
adequação de determinadas estruturas lingüísticas ao gênero, da discussão sobre
intencionalidade discursiva, dos processos de intertextualidade efetivados nos
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textos, de coesão e de coerência, o material foi encaminhado para a diagramação
e a impressão.
Importante ressaltar que todas as decisões, desde nome do jornal, até a seleção
do que iria ou não ser publicado foram tomadas coletivamente. Inclusive marcouse
como ação pedagógica vários movimentos, tais como o empenho em buscar
patrocinadores, o convite aos outros projetos de PIBID que estão na escola para
publicarem suas ações, o incentivo para que outros professores se envolvessem
no projeto. Tudo isso contribuiu para ir além das questões específicas de língua,
pois, como consideram os PCNEM, o desenvolvimento das competências
mobiliza, ainda,
Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens,
relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições
de produção e recepção (intenção, época, local, interlocutores
participantes da criação e propagação de idéias e escolhas, tecnologias
disponíveis etc. (PCNEM, 2000, p. 135)
Esse processo evidenciou o que se chama a competência discursiva adquirida,
que, conforme Baltar (2006), é constatada quando o sujeito é capaz de identificar
que a sua produção de texto pertence a um gênero com sua estrutura
relativamente estável.
Para finalizar é mister ressaltar que esta experiência articulada entre licenciandos
e escola trouxe resultados muito positivos, uma vez que cooperou para o
desenvolvimento da criticidade do leitor, que já não olha para o texto da mesma
forma, conseguindo transferir para outros veículos de comunicação a sua
capacidade de ler nas entrelinhas,o que tem reflexos em seu futuro como
cidadão.Os alunos compreenderam que os gêneros discursivos vão muito além
da disciplina de Língua Portuguesa e estão inseridos em variados contextos
sóciocomunicacionais da sociedade.

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