PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE EXPERIMENTOS QUÍMICOS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL, ENTRE ELES ALUNOS PORTADORAS DE SURDEZ

Ligia Vidal Oliveira, Paula Elisabete Panta Heiderich, Ana Lucia Laindorf, Wolmar Alipio Severo Filho

Resumo


Esta proposta de trabalho foi realizada no decorrer do ano de 2015 do mês de
março até o presente momento, com alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino
Fundamental, entre eles turmas de alunos portadores de surdez, em
oficinas/monitorias do PIBID, na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora
do Rosário, localizada no município de Santa Cruz do Sul/RS, totalizando nove
turmas, incluindo as turmas de surdos, sendo estas duas do primeiro ano com
aproximadamente doze alunos em cada uma. A partir do segundo até o quinto as
turmas são formadas por aproximadamente vinte e cinco alunos em cada uma
delas. Na turma do terceiro ano há uma aluna com Síndrome de Down e no quinto
ano um aluno com deficiência física e intelectual. As turmas de alunos surdos são
multiseriadas, ou seja, ocorre a junção dos alunos do primeiro e segundo ano em
uma turma, do terceiro e quarto em outra e uma formada apenas pelo quinto ano.
Destas turmas todas são compostas por menos de dez alunos em cada. A escola
é referência na região do Vale do Rio Pardo por receber diversos alunos surdos e
com outras deficiências de cidades da região, sendo eles tanto do ensino
fundamental quanto do ensino médio. No ensino fundamental existem turmas
compostas somente por alunos portadores de surdez. Já os alunos de com outro
tipo de deficiência são incluídos nas turmas com os outros alunos, no caso, os
estudantes que fazem parte de nossas monitorias. No ensino médio os
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estudantes surdos são incluídos nas turmas com os demais estudantes, observase
que, a escola está sempre em busca da inclusão social de seus estudantes
surdos com os demais estudantes e com a comunidade em geral. Com isso, além
de pensar como ensinar Química para crianças, também foi preciso pensar uma
maneira de ensinar para os alunos surdos, já que eles se comunicam usando a
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Assim, mesmo sabendo que a professora
regente da turma, iria auxiliar e transmitir para os alunos tudo que fosse falado por
nós, tivemos todo o cuidado em elaborar atividades visuais, para que o próprio
aluno pudesse realizar. Essas oficinas/monitorias tiveram como principal objetivo
proporcionar aos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental da escola,
o primeiro contato com o ensino de Química, podendo aprender um pouco mais
sobre esta ciência através de aulas experimentais realizadas em laboratório,
ambiente até então desconhecido por muitos deles, com assuntos relacionados
ao cotidiano de cada um, o que propicia um melhor entendimento. Os temas
presentes em nossas oficinas sempre buscaram a associação de assuntos do
cotidiano dos alunos com a parte experimental realizada, sendo esta última
efetivada da maneira mais simples e lúdica possível, para que houvesse
participação nas atividades e principalmente compreensão por parte dos
estudantes. Foram efetuados diversos experimentos químicos, dentre eles:
“materiais que flutuam ou afundam em água”, onde foi questionada a densidade
de objetos do dia a dia, “revelando o desenho escondido”, no qual é feito um
desenho com fenolftaleína e após é borrifada uma solução de alguma base,
usamos uma solução de hidróxido de potássio. Ainda fizemos a “elaboração de
geleca”, “balão gasoso” onde foi demonstrado a reação química entre o
bicarbonato de sódio (NaHCO3) e o vinagre (CH3COOH). Utilizando a mesma
reação foi feito um “vulcão de argila”. Objetivando-se demonstrar como é feito um
produto utilizado por eles no cotidiano foi feita a produção de “sabonetes
artesanais”. Outro tema abordo foi cromatografia, através de experimento
chamado “as cores escondidas das canetinhas”, onde foram utilizadas canetas
hidrocor, álcool e papel filtro. O papel filtro absorve o álcool, e aos poucos as
cores escondidas na tinta das canetinhas aparecerem, experimento análogo ao
da cromatografia em papel. Os assuntos foram introduzidos através de uma
conversa inicial e, após sempre foi realizada uma atividade experimental em
grupo, individual, ou demonstrativa. No final os alunos descrevem em um relatório
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oral, ou escrito o que ocorreu na atividade. Todos os experimentos foram
realizados no laboratório da escola com supervisão das bolsistas, sendo que na
maioria deles os estudantes tiveram a oportunidade de exercitarem o manuseio
de reagentes, instrumentos e vidrarias. Com propostas desta natureza, todos os
alunos independente de suas limitações, podem visualizar e participar
efetivamente de sua realização, o que acaba permitindo um melhor entendimento
dos estudantes facilitando o processo ensino aprendizagem, pelo fato de serem
atividades visuais e fazerem parte de seu dia a dia. No decorrer das atividades à
medida que eram realizadas, pode-se perceber o interesse dos estudantes pelos
experimentos e pela nova ciência descoberta. A inclusão dos estudantes surdos e
os demais em nossas monitorias/oficinas nos propiciou grande crescimento, afinal
adquirimos experiência e podemos compreender melhor sobre a temática
relacionada à surdez, pois como futuras professoras possivelmente teremos que
enfrentar desafios semelhantes a este. Além de experiência para nossas futuras
carreiras como professoras, também tivemos lições de vida com os alunos
incluídos, que nos mostraram que por maior que sejam nossas limitações, sempre
é possível alcançar nossos objetivos. Pode-se concluir que apesar das
dificuldades de planejamento devido ao desafio de trabalhar com o ensino de
Química, com alunos de séries iniciais, obtivemos resultados positivos, sendo que
os assuntos trabalhados foram muito bem aceitos tanto pelos alunos quanto pelos
professores. Mesmo tratando-se de um desafio e de um assunto desconhecido
para nós até então, é uma proposta enriquecedora tanto para nós bolsistas
quanto para os estudantes, que têm a oportunidade de conhecer esta ciência
desde o inicio de sua vida escolar.

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