ENSINO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS ATRAVÉS DA TEMÁTICA MEDICAMENTOS

Ana Lúcia Becker Rohlfes, Angela Cristina Kroth, Heberton Horst Kessler Foesch, Nadia de Monte Baccar

Resumo


O terceiro ano do Ensino Médio é o momento em que o aluno tem o contato com
os conteúdos pertinentes à área da Química Orgânica, entre os quais se podem
citar as funções orgânicas. Elas são definidas como sendo, nas moléculas, os
sítios reacionais que caracterizam um composto orgânico. Uma das grandes
dificuldades relacionadas ao ensino da Química está no fato de os conteúdos
serem abordados de maneira mecanizada e isolada, tornando os conteúdos
difíceis e abstratos pelo olhar do discente. Neste sentido, buscando superar as
dificuldades de contextualização no estudo de funções orgânicas, em uma turma
de 3° ano da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário,
formada em parte por alunos surdos, foi proposta uma atividade experimental,
didática, baseada na atividade realizada por Pazinato et al. (2012), em que a
contextualização se dá através de reações de identificação de funções orgânicas
em medicamentos como ácido ascórbico, codeína e ácido acetilsalicílico, que
possuem determinadas propriedades e pelas quais reagem com determinados
reagentes. Para iniciar, os alunos foram levados para o laboratório da escola e foi
entregue para cada aluno uma folha contendo os procedimentos da aula
experimental e com exercícios de identificação de funções orgânicas. Foi
solicitado, também, que nesta mesma folha tomassem nota do que observaram
nos procedimentos. Durante a testagem dos medicamentos foi relatado um pouco
da história e do uso destas substâncias no dia a dia. Posteriormente, explicou-se
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
aos alunos como se deram as reações de identificação das funções orgânicas nos
medicamentos de acordo com a teoria já vista em sala de aula. Sanadas as
dúvidas, os alunos realizaram, de forma individual, os exercícios de identificação
das funções orgânicas nos medicamentos testados. Observou-se que, apesar dos
alunos estarem dispersos no laboratório, os mesmos prestavam atenção nos
experimentos e nas explicações, fazendo apontamentos sobre o que observavam
nos tubos de ensaios, como mudança de cor, formação de precipitado e mudança
da temperatura. Alguns tentaram resolver os exercícios, mesmo com dificuldade
em interpretar o modo que as estruturas moleculares foram apresentadas. Em
função dos alunos estarem agitados e dispersos, durante a aplicação desta
proposta, não foi possível dar conclusão total a esta atividade didática, como a
correção expositiva dos exercícios e registro em conjunto dos apontamentos
registrados sobre os experimentos. Percebeu-se que os estudantes surdos não
entenderam muito bem a atividade didática proposta e desta forma especula-se
que foi causado pela ausência de conteúdos prévios não compreendidos, bem
como da dificuldade de transposição da fala dos bolsistas para LIBRAS. No
entanto, notou-se espanto por parte destes alunos, em alguns momentos, pelo
que observaram nos tubos de ensaios como mudança de temperatura, textura e
cor das amostras testadas. Por fim, pode-se dizer que foi possível contextualizar o
ensino de funções orgânicas empregando medicamentos usados no dia a dia e
em relação às dificuldades de interação com os surdos conclui-se que, em uma
nova atividade a ser proposta, será necessário melhorar a comunicação com a
intérprete para criar significado aos conceitos necessários para o entendimento do
conteúdo pelos surdos.

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