OFICINA PIBID: A ESCRITA NO ENEM, DA PRÁTICA À EFICIÊNCIA

Elisa Capelari Pedrozo, Letícia Lima, Suzana Maria Lain Pagot

Resumo


Este resumo tem como objetivo apresentar o relato da experiência na Oficina
Pibid: a escrita no Enem, da prática à eficiência, implementada no Colégio
Estadual Imigrante, de Caxias do Sul, RS, realizada pelo PIBID-CAPES de Letras
Português, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), sob a coordenação da
professora Suzana Pagot e supervisão da professora Silvete Müller.
As ações da oficina desenvolveram-se ao longo de dois meses, com um encontro
semanal, em três turmas de aproximadamente 35 alunos cada, nos terceiros anos
de Ensino Médio. Ela foi dividia em cinco módulos, a fim de contemplar a
estrutura dissertativa e os aspectos linguísticos que são inerentes ao gênero.
Além disso, investigamos juntos cada aspecto de uma redação nota 1.000 e
realizamos construções coletivas para que pudéssemos encontrar alternativas
mais adequadas para cada etapa da elaboração do texto.
Após uma explanação sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
objetivos, habilidades e critérios, voltamos nossa atenção ao parágrafo
introdutório, apresentando a estrutura usualmente esperada, bem como as mais
diversas formas de iniciá-lo. As duas aulas seguintes foram destinadas à
argumentação exigida no parágrafo de desenvolvimento, de forma a orientar a
produção dos alunos. Partindo de um assunto polêmico, elencamos, conforme
os diferentes posicionamentos, prós e contras para iniciar a escrita argumentativa
por confronto, que foi realizada em conjunto, na lousa. Por conseguinte, a última
aula versou sobre a conclusão do gênero dissertativo-argumentativo, enfatizando
a importância da proposta de intervenção cobrada no ENEM.
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
As heterogenias textuais que permeiam a vivência do educando podem e devem
servir de fundamentos para a sua escrita. Nosso propósito foi oferecer-lhes a
oportunidade de compreender a produção textual desde as primeiras indagações
sobre a temática a ser abordada pelo Exame Nacional do Ensino Médio. Em
nossa perspectiva, somente assim teríamos alunos verdadeiramente preparados
para se confrontarem com os mais variados textos e contextos, levando em
consideração que,
A apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de
socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas.
(BRONCKART, 1999, p. 103)
A partir da reflexão sobre a tarefa de trabalhar com o ensino de redação, presente
no cotidiano do professor, elaboramos uma oficina para auxiliar em cada etapa da
construção textual dos alunos, assinalando, além dos aspectos linguísticos e dos
elementos concernentes à tipologia argumentativa, os critérios avaliativos da
redação do referido exame. E, não menos importante, ainda mostramos que esse
processo pode ser algo acessível e realizador, quando aliado à reescrita, ao
conhecimento da funcionalidade do gênero e sua intencionalidade comunicativa,
isto é, a escrita só tende a fluir quando se está integrado e acostumado com ela,
porque como declara Kleiman,
A originalidade da descrição linguístico-textual e discursiva dos gêneros
para efeitos didáticos encontra-se na realização de tal descrição sem
deformar o gênero no processo, como acontece nos tratamentos
efetuados pelos livros didáticos, que descaracterizam aspectos
construtivos de práticas sociais que envolvem alguma forma de ação.
(KLEIMAN, 2005, p.8)
A fim de aliar as discussões na academia sobre gêneros textuais às
possibilidades de práticas pedagógicas, desenvolvemos esta proposta didática
para que fosse possível dar conta do trabalho com as particularidades e alicerces
da redação - ênfase ENEM - de uma forma que envolvesse efetivamente o grupo
a pensar sobre suas produções textuais. Vale destacar, que as ações passaram
por reflexões subsidiadas teoricamente, isto é, houve um esforço conjunto para
articular o saber do especialista à linguagem mais próxima da sala de aula real,
visto que,
Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul/RS
O texto é um evento sociocomunicativo, que ganha existência dentro de
um processo interacional. Todo texto é resultado de uma coprodução
entre interlocutores. (KOCH; ELIAS, 2010, p. 9)
Pode-se dizer que trabalhar com gêneros não é uma tarefa simples, mas que por
trás de toda normatização, transpassa a oportunidade de relacionar a língua em
seus mais diferentes aspectos presentes diariamente. Nada do que se fala na
informalidade está fora de ser um gênero, ou tornar-se um. Inclusive, talvez, o
fundamental seja compreender que todas as mídias agregam e podem
engrandecer a escrita; aceitar que o aluno criará e escreverá com os subsídios
que tem acesso. O adolescente, ao ser desafiado a criar e produzir, revelou-nos
que a ação docente passa pelo reconhecimento de que toda e qualquer forma de
produção relativa aos gêneros de circulação social podem contribuir para a
formação crítica do aluno em relação a sua própria escrita. Aceitar que temos em
nossas mãos, conforme Bakhtin (1992, p.366) “[...] imensos tesouros de um
sentido potencial.” é nossa tarefa.

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