JORNAL EM ÁUDIO: INFORMAÇÃO ACESSÍVEL AOS CEGOS, A PARTIR DE UM EXEMPLO DA UNISC

Daiana Stocke Carpes, Ana Maria Strohschoen

Resumo


 

Como estudante do curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, e desde 2008 bolsista voluntária do Projeto de Pesquisa sobre Memória Institucional, coordenado pela Profa. Dra. Ana Maria Strohschoen, constatei a necessidade de criar um jornal em áudio especialmente para deficientes visuais. A ideia surgiu quando ingressei como secretária do curso de Ciências Contábeis da UNISC, em abril de 2011, e dentro das minhas funções estava à confecção de um informativo para os acadêmicos desta graduação. Porém, no segundo semestre deste ano, período de lançamento do periódico, intitulado de Ábaco, o curso recebeu um calouro cego e que não lia em braile. A partir daí produzimos um jornal em áudio para integrar o aluno que recém havia chegado à universidade. No período da elaboração do roteiro do jornal em áudio experimental me deparei com diversas barreiras: como a falta de bibliografias referentes à área e a inexistência de um jornal em áudio, para que eu pudesse me espelhar. Então, os pilares para a sua elaboração foram os livros em áudio e a autodescrição na televisão. Com auxílio do funcionário cego, do Núcleo de Apoio Acadêmico, Cristian Sehnem, e o técnico do Laboratório de Rádio, Jordan Junges, preparamos o material para que o ouvinte do jornal falado possa conversar com o leitor do jornal impresso, tendo ciência da página e da faixa de cada texto lido e das descrição das fotos publicadas no periódico impresso. O jornal em áudio foi dividido em faixas. Tivemos a preocupação de organizar cada página do jornal impresso em uma faixa e com uma trilha musical diferente e de acordo com o assunto que seria exposto. No início de cada áudio, o locutor descreve a faixa do áudio e a página do jornal impresso. Também utilizamos recursos com a alternância de locutores nos textos. Esses elementos foram fundamentais para que o ouvinte pudesse se situar qual página estava sendo narrada. Nesta percepção de acessibilidade na comunicação, comecei a me aprofundar sobre o tema. Nas pesquisas realizadas posteriormente questionei sobre como as 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total brasileira apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência: dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou metal (dados do Censo 2000) são informadas? Há inclusão social na comunicação? Há inclusão digital? As empresas se preocupam em disponibilizar na internet materiais acessíveis a todos? E qual o papel da comunicação social no quesito acessibilidade? Outro questionamento feito dentro do projeto de Memória Institucional é o motivo de não termos nenhuma pessoa portadora de deficiência nas entrevistadas realizadas que são à base do desenvolvimento do projeto. Enfim, neste trabalho mostraremos o projeto experimental de um jornal em áudio produzido especialmente para deficientes visuais e de certa forma pioneiro na universidade. Também analisaremos a inclusão na comunicação social; uma vez que o Decreto 5296, de 2 de dezembro de 2004, Capítulo IV fica reservado a pessoa com qualquer tipo de deficiente o direito a informação e a comunicação.

 


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