INTERTEXTUALIDADE: SIGNIFICAÇÃO DO MUNDO

Daiane Lopes, Angela Cogo Fronckowiak

Resumo


 

A escola atual compila distintas culturas em que crianças e adolescentes interagem: escolares, de infância e familiares. Essa pluralidade de significações constitui universos heterogêneos. Para perceber as relevâncias que os “outros” trazem à escola, o educador pode assumir uma posição de abertura. Nessa perspectiva, o mundo é composto de textos. O indivíduo, na convivência, traz sua história e incorpora algo das vivências alheias. A intertextualidade, portanto, é uma constante. Qualquer criação humana pauta-se na recriação de outro dizer. Se aproveitadas com eficácia, as interferências sociais apontam para a percepção de que a sala de aula propulsiona conquistas. O desejo que impulsionou o trabalho foi o mesmo de um ensino direcionado à vida. Foi também o fator influente à aplicabilidade de uma metodologia baseada em intertextos e focada na valorização do aluno enquanto ser pensante, criativo e autor de sua identidade. Pensamos, também, em contribuir como incentivadores às realizações derivadas dos conhecimentos formais que são adquiridos. A escola pode ser a esperança para muitos futuros. Com o intuito de conhecermos a realidade dos anos finais do Ensino Fundamental de uma escola municipal enquanto bolsistas do PIBID, propusemos o planejamento intitulado “As diferentes Chapeuzinhos” [1]. A intenção era a de fazer com que a viagem que perpassa os clássicos infantojuvenis chegando aos textos contemporâneos pudesse auxiliá-los no reconhecimento da singularidade. Ao mesmo tempo, objetivávamos que reconhecessem a importância de suas expressões enquanto sujeitos da comunidade. Explorando os intertextos entre os clássicos de “Chapeuzinho Vermelho”, a obra “Chapeuzinho Amarelo”[2], o poema “Seu lobo”[3] e a crônica “Uma fábula”[4], englobamos temas interdisciplinares: contraste entre passado e modernidade, violência, ecologia, tecnologias, estrutura familiar etc. Interagimos com a concepção de que a Língua Portuguesa integra várias áreas do saber. Como especificidade, enfocamos textos descritivos e narrativos e oferecemos espaços para que a vida de cada um estivesse em evidência. Afinal, os textos repercutem no interior, e a personalidade impulsiona escritos reveladores. Ao recepcionarmos os textos, tivemos a convicção de que o “ensino em gavetas” não se justifica. A educação é um intertexto. Depois da relação de confiança criada entre os envolvidos, obtivemos a felicidade de não receber textos perfeitos sob a visão gramatical. Eles apresentaram problemas de concordância e ortografia. Mas, através de outro olhar – mais cauteloso e humano – descobrimos que foram as melhores produções. Suas histórias foram compreendidas. Com elas, percebemos que ser professor é estimular sonhos e lidar com emoções. Basta sabermos olhar cada produção de um jeito amoroso e entendermos que, por trás de cada erro, se esconde um significado.

[1] Trabalho apresentado à disciplina de Literatura Infantojuvenil; metodologia desenvolvida em uma oficina do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.

[2] HOLANDA, Chico Buarque de. Chapeuzinho Amarelo. São Paulo: José Olympo, 1997.

[3] CAPARELLI, Sérgio. 111 poemas para crianças. Porto Alegre: L&PM, 2003.

[4] ITAMAMBUCA, Florbela de. GUIMARÃES, Silvana (Org.). Dedo de Moça: u

 


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