Nos últimos anos, em consequência de diversos fatores, como a melhoria das condições sanitárias e de acesso a bens e serviços, as pessoas têm vivido mais tempo. Os avanços na área da saúde têm possibilitado que cada vez mais pessoas vivam por um período mais prolongado, mesmo possuindo algum tipo de incapacidade. Dessa forma, a presença de um cuidador torna-se muito importante para a pessoa portadora de alguma patologia ou incapacidade. Entenda-se por cuidador àquela pessoa que desempenha o papel de responsável direto pelos cuidados essenciais da criança ou adulto com alguma doença, sendo a sua participação fundamental para a promoção de saúde, através do desenvolvimento de hábitos saudáveis, imunizações, segurança, além de ser o responsável por todos os cuidados advindos da doença. Esse cuidado deve ir além do corpo e do sofrimento físico decorrente de uma patologia ou limitação; deve-se levar em conta as questões emocionais e a história de vida da pessoa a ser cuidada. No entanto, a tarefa de acompanhar alguém que vivencia o adoecimento é um ato de entrega, exigindo intensa doação de si, o que acarreta prejuízo no cuidado consigo próprio, gerando sentimentos negativos e comprometendo a integridade psicoemocional e até biológica do cuidador. Por isso, acredita-se que é de fundamental importância oferecer um suporte ao cuidador ou meios pelos quais ele possa aliviar a tensão vivenciada em seu cotidiano. Esse suporte pode ser obtido através de atendimento individual ou grupal. Sabe-se que os grupos contribuem para o desenvolvimento da socialização, pelo fato de as pessoas sentirem-se compreendidas e que possibilitam aos indivíduos perceberem que podem estar distorcendo a intenção das mensagens emitidas pelos outros, ou empregando significados que não existem nas comunicações. Sendo assim, percebeu-se uma demanda, tanto através da literatura crescente sobre o tema como através dos atendimentos realizados no Serviço Integrado de Saúde 226 SIS da UNISC, e a partir dela foi criado neste local um grupo terapêutico denominado ESPAÇO DOS CUIDADORES, que representou uma proposta de ação em saúde coletiva, um dos eixos a ser desenvolvido no Estágio Integrado em Psicologia. O grupo iniciou suas atividades em maio deste ano com cuidadores de pessoas com a doença de Alzheimer, depressão e paralisia cerebral, visando fornecer um suporte para que os participantes pudessem expressar seus sentimentos, compartilhar experiências e voltar-se a si próprios em busca de retomar sua identidade e cuidados pessoais. Durante os encontros realizados os participantes discutiram questões ligadas à aceitação da doença de seu familiar, à adaptações necessárias em seu cotidiano, ao cuidado prático com240 seu familiar e também a respeito de conflitos e dificuldades de relacionamento com o mesmo, o que produzia sofrimento. Percebeu-se a não aderência de alguns participantes à proposta do grupo, pois pareciam estar em busca de capacitar-se para o cuidado e não de falar de seu sofrimento e deslocar-se do seu papel de cuidador. Aqueles que permaneceram no grupo puderam usufruir de um espaço no qual foi possível construir em conjunto novas formas de vivenciar a tarefa de cuidadores. Levando em conta a eficácia dos encontros, que possibilitaram o fortalecimento e o enfrentamento da situação cotidiana com menos sofrimento, o grupo foi suspenso no mês de agosto, a partir da alta dos participantes.