ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E AS IMPLICAÇÕES DA FAMÍLIA NESSE CONTEXTO

DULCE GRASEL ZACHARIAS, GABRIELLY DA FONTOURA WINTER, LETÍCIA STAUB LIMBERGER, VIVIAN SILVA DA COSTA

Resumo


Meu interesse pelo tema proposto surgiu a partir de minha experiência em clínica psicoterápica durante o Estágio Integrado de Psicologia, no SIS 226 UNISC, no ano corrente, em que tenho a oportunidade de atender um menino que foi abusado sexualmente. O abuso ocorre quando existe algum tipo de jogo sexual, não precisando necessariamente ser o ato sexual consumado. A pessoa que abusa é aquela que excede limites e invade fronteiras, geralmente impõe sua vontade através da violência física, ameaças e até mesmo por indução, por exemplo, com chantagens. O abusador visa apenas a sua satisfação sexual, seja com pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes. Para existir abuso sexual de menores é preciso que haja uma falha das pessoas responsáveis nos cuidados dos mesmos, permitindo que sejam expostos a situações inadequadas, na maioria dos casos com adultos (conhecidos), acarretando graves sequelas físicas e emocionais à criança. Não raramente, a criança tem muito medo de contar o que lhe ocorre e o adulto teme ouvir, pois o menor se sente desprotegido; de alguma maneira percebe a incapacidade dos adultos em intervir nessa situação, ou ainda,240 teme a punição que pode receber em função do que está ocorrendo. Por outro lado, quando o agressor começa a perceber esse movimento da criança, de se sentir invadida, abusada, ao começar a notar que aquilo está errado, o abusador tende a inverter os papéis, fazendo com que o menor se sinta responsável por terl aceitado os abusos. As crianças experienciam sentimentos de culpa e, na grande maioria dos casos, chegam até a vida adulta sem ter revelado o ocorrido. São nesses casos, de famílias disfuncionais, que o terapeuta deveria intervir, não apenas com a criança ou com o abusador, mas trabalhando com a família, como um todo. Percebe-se, ainda, que para que este trabalho terapêutico seja realizado de forma plena, é muito importante que após o indivíduo fazer a revelação, o psicólogo leve em consideração o contexto em que o sujeito se encontra. Nesse momento, deve considerar todos os indícios de passado ainda presentes. Afinal, um passado não resolvido tende a continuar preso ao presente do adulto. 240Segundo a Terapia família Estratégica, uma dificuldade só vai se tornar um problema pela reação dos membros da família frente a esta dificuldade. E isto se mostra evidente no caso de Arthur*, onde a negligência familiar pode ser percebida como uma exclusão do garoto da família, fazendo com que ele crie240 algumas defesas psíquicas, para evitar sofrimentos e entendimentos da problemática em que vive. Juntamente com este turbilhão de sentimentos vem à adolescência, que por si só já modificaria muita coisa. Dessa forma, acredito que este é um momento impar na vida de Arthur, onde ele deve ser ouvido, orientado e principalmente investido. Em especial, esta vivência está me proporcionando experimentar-me, perceber o quanto é desafiador estabelecer um tratamento, criar vínculos e compreender o sofrimento que se esconde sob suas defesas. Neste sentido, produz-se a necessidade de um maior aprofundamento no entendimento sobre o tema, seus modos de relacionamento e a forma que o tratamento se conduz. Por fim, é importante considerar que este é apenas o começo de um caso, em que, certamente, muitas coisas ainda vão surgir.240 Além do que está manifesto, acredito que Arthur tenha muitos conteúdos latentes, aos quais iremos tentar acessar e trabalhar no decorrer deste ano.240240240240240240


*nome fict


Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.