A água é um dos recursos mais importantes do meio ambiente e indispensável às diversas atividades humanas. Entretanto, o desenvolvimento industrial, o crescimento demográfico e a ocupação do solo de forma intensa e acelerada vêm degradando a qualidade deste recurso, comprometendo a sua utilização quanto ao consumo humano, recreação e outras atividades, implicando diretamente na saúde humana. Tais fatos geram uma preocupação em avaliar permanentemente o impacto antrópico sobre as águas superficiais, para que ações possam ser tomadas no sentido de minimizar estes impactos e estabelecer um uso racional dos recursos hídricos. Neste contexto, surge Índice Biológico da Qualidade da Água (IBQA), ferramenta que utiliza algas diatomáceas epilíticas como organismos bioindicadores da qualidade da água, oferecendo uma resposta integrada quanto aos processos de eutrofização e contaminação orgânica em sistemas lóticos. Entre julho de 2011 e agosto de 2012 foram realizadas amostragens sazonais no trecho inferior do Arroio das Pedras, município de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, para a aplicação do IBQA e, posteriormente, foram realizadas observações visuais, assim como a aplicação de um questionário a fim de se obter dados socioambientais acerca do ambiente e da população que vive às margens do arroio. Os resultados indicaram que o arroio encontra-se com elevados níveis de poluição orgânica, determinados em função da ocorrência de espécies que apresentam alta tolerância a este tipo de poluição, como Cyclotella meneghiniana Kützing, Eolimna mínima (Grunow) Lange-Bertalot, Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing e Nitzschia palea (Kützing) Smith. Os dados obtidos através da aplicação do IBQA somados às observações visuais e aos dados obtidos através dos questionários evidenciaram a ineficiência e até mesmo a inexistência de serviços de saneamento naquele local. Dessa forma, observa-se que a aplicação do IBQA oferece uma resposta confiável no que diz respeito ao meio ambiente, uma vez que este é capaz de refletir a degradação ali existente. Além disso, conclui-se que as algas diatomáceas epilíticas são organismos capazes de serem utilizados para a formulação de inferências acerca da saúde pública, uma vez que refletem as condições do ambiente. De modo geral, os resultados evidenciam a estreita ligação entre ambiente e saúde, e mostraram como a ausência ou inadequação dos sistemas de saneamento torna o ambiente insalubre e aumentam os riscos da população contrair doenças, principalmente aquelas de veiculação hídrica.