AVIFAUNA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL DO MUNICÍPIO DE VENÂNCIO AIRES, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

ADRIANA DUPONT, JONAS JOHN

Resumo


As unidades de conservação visam a assegurar amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas salvaguardando o patrimônio biológico existente; contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais, bem como proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional. Estudos biólogicos são essenciais para orientar ações de conservação ambiental, especialmente os relativos à avifauna, visto que as aves são consideradas excelentes indicadoras do nível de alteração ambiental, pois habitam distintos habitats. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivos realizar o levantamento qualitativo da avifauna na Reserva Particular do Patrimônio Natural Ronco do Bugio, Venâncio Aires, verificar a presença de espécies raras ou ameaçadas de extinção na área e contribuir com novas informações sobre a distribuição das aves do Rio Grande do Sul. A reserva compreende uma área de 23,06 hectares, sendo a floresta estacional decidual a mata predominante. O inventário de campo foi executado entre setembro de 2012 a julho de 2013 abrangendo diferentes habitats, totalizando o esforço amostral a campo de 79 horas diurnas e 4 horas noturnas. As amostragens foram eminentemente qualitativas. As espécies foram identificadas pela morfologia externa, com uso de binóculo 8x40 e através do reconhecimento de suas vocalizações. Sempre que possível, documentou-se a ocorrência das espécies através de fotografias e gravações de vocalizações. Os resultados indicaram a ocorrência de 121 espécies de aves, distribuídas em 47 famílias. Ressalta-se o número de espécies de aves para a família Tyrannidae como a melhor representada (11,57%, quatorze espécies), seguida de Furnariidae (6,61%, oito espécies) e Ardeidae (5,78%, sete espécies). Destaca-se o registo de Sporophila collaris (coleiro-do-brejo) espécie que se encontra classificada como "vulnerável" na lista das espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul, além de Piculus aurulentus (pica-pau-dourado) e Rhea americana (ema) que estão classificadas como "quase ameaçadas" em nível mundial, sendo que a ema foi introduzida no local. Os dados apontaram ainda a presença de doze espécies que são endêmicas para a mata Atlântica: Piculus aurulentus (pica-pau-dourado), Picumnus temminckii (pica-pau-anão-de-coleira), Veniliornis spilogaster (picapauzinho-verde-carijó), Conopophaga lineata (chupa-dente), Synallaxis ruficapilla (pichororé), Tachyphonus coronatus (tiê-preto), Stephanoxis lalandi (beija-flor-de-topete), Basileuterus leucoblepharus (pula-pula-assobiador), Euphonia pectoralis (ferro-velho), Trogon surrucura (surucuá-variado), Aramides saracura (saracura-do-mato)e Cranioleuca obsoleta (arredio-oliváceo). Os registros preliminares demonstraram uma rica avifauna para a reserva, contudo, além da criação de unidades de conservação é importante que seja garantida a conservação de remanescentes em áreas particulares, através do cumprimento da legislação ambiental no que diz respeito a áreas de reserva legal e Áreas de Preservação Permanente.


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