Ao ingressar no curso de Odontologia, o estudante inicia por disciplinas básicas, comuns a outros cursos da área da saúde. À medida que os semestres sobrevêm, o conhecimento cresce e se agrega à capacidade de realizar diagnóstico, plano de tratamento que engloba a grande maioria das necessidades do paciente, assim como aumenta a segurança e a aptidão para realizar os procedimentos requeridos. O presente trabalho visa a abordar a transição das disciplinas únicas para os Estágios Supervisionados: Dentística e Endodontia (ESDE) e Estágio Supervisionado I, destacando os pontos positivos e negativos e autoavaliações de acordo com a visão do estudante. O Estágio Supervisionado de Dentística e Endodontia precede o Estágio Supervisionado I e nele são realizados tratamentos endodônticos (mono ou multiradicular) e restaurações simples e compostas. Considera-se este a introdução aos próximos estágios, visto que o aluno tem a oportunidade de realizar procedimentos distintos. Ao ingressar no Estágio Supervisionado I, o estudante pode observar, logo após os primeiros atendimentos, que este está organizado de uma maneira que proporciona uma visão totalmente diferente da obtida até o sexto semestre da grade curricular do curso. Deixa-se de ver o paciente de acordo com a especialidade odontológica para avaliá-lo como um todo, selecionando as prioridades de cada caso, criando um vínculo de confiança com o paciente e tomando decisões no decorrer do tratamento, além de ver o progresso e motivação do paciente semana pós semana. Este estágio abrange os conhecimentos prévios adquiridos nas disciplinas de Dentística, Endodontia, Cirurgia e Periodontia e, diferentemente do ESDE, o aluno é orientado por um único professor o semestre inteiro. Segundo relatórios de alunos, este é um ponto a ser destacado. Acredita-se conseguir criar um vínculo e possibilitar melhor sequência de trabalho o fato de um só professor acompanhar o estudante o semestre inteiro, porém, não se menospreza a importância de diferentes opiniões, técnicas e métodos de ensino que variam de professor para professor. Os alunos, ao serem indagados acerca dos pontos positivos, reiteraram a visão global de uma clínica odontológica, que abrange várias áreas, tendo a oportunidade de acompanhar o paciente do início ao término do tratamento; possuir maior liberdade para realizar os procedimentos, seguida por maior autoconfiança; fase em que é possível conciliar conhecimentos práticos e teóricos já adquiridos. Pontos que poderiam ser melhorados dizem respeito à ausência de estágio no oitavo semestre; casos complexos e interessantes, que o aluno é capaz de realizar, serem encaminhados a projetos; pequena carga horária (correspondente a 4 horas semanais). Por fim, a complexidade crescente dos Estágios Supervisionados tem se mostrado significativa para o aprendizado, pois aproxima o estudante da realidade que será encontrada no consultório odontológico, focando no diagnóstico, planejamento e tratamento por completo, além de poder compreender que uma boa condição de saúde bucal não significa apenas ausência de patologias, mas também, o bem-estar psicológico e social do paciente. Salienta-se, ainda, que este período colaborou para reflexão a respeito das dificuldades encontradas e para que se possa evoluir profissionalmente e também pessoalmente, sendo grande colaborador na formação de um profissional ético e competente.