O desenvolvimento rural é um processo multifacetado, multinível, multiator, multidimensional que apresenta elementos de continuidade e de mudança, que reconfigura e recombina novos e velhos elementos, que deve revalorizar práticas, conhecimentos e recursos locais. As estratégias de desenvolvimento devem reconhecer a multitude de estilos de vida e formas de vivência existentes, ou seja, devem reconhecer a infinita possibilidade de variações que os sistemas agrícolas e a vida rural podem assumir (PLOEG; LONG; BANKS, 2002; ELLIS, 2000). Nesse contexto ampliado de desenvolvimento rural, o meio rural não deveria ser visto como um local distante e atrasado pelos que vivem no meio urbano e industrial, mas sim como um ícone de diversidade que está em constante desenvolvimento. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), especialmente a internet, tornaram-se uma necessidade para o meio rural, tanto quanto já era para o urbano, visando atender à demanda por conhecimento, informações atualizadas e constantes (VIEIRO e SILVEIRA , 2011). Este estudo objetiva analisar o uso de TICs pela agricultura familiar do Vale do Caí-RS. Para tanto, utilizou-se do método descritivo-analítico e tomou-se como referência livros, artigos, teses, dissertações sobre a temática. A metodologia utilizada para obtenção dos dados foi a entrevista semiestruturada aplicada em um conjunto de 10 agricultores, componentes do Projeto Piloto TICs desenvolvido no município de Montenegro, região polo do Vale do Caí. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que 100% dos entrevistados possuem celular, 40% possuem computador em casa e 90% possuem notebook. Destes entrevistados, 60% utiliza o computador diariamente e 60% também utiliza a internet diariamente, 40% utiliza o computador às vezes e 20% utiliza a internet às vezes. Este acesso à internet ocorre 10% via computador em casa com banda larga, 40% por 3G, 40% via rádio e 10% não tem acesso. Conforme Schneider (2004), o papel dos agricultores familiares toma relevo, o desenvolvimento rural constitui-se a partir de ações articuladas, que induzem mudanças socioeconômicas e ambientais e que resultam em melhoria de renda, em aumento da qualidade de vida e em bem-estar para as populações que vivem nos espaços rurais. No entanto, o domínio de tecnologia, de controle e de gestão do estabelecimento rural depende da escolaridade, da capacitação, do conhecimento, da inovação dos agricultores familiares. Concluiu-se, portanto, que a introdução e a utilização de TICs no meio rural facilita a comunicação, a troca de informações e a ampliação do conhecimento dos agricultores, sendo que este último poderá promover o alargamento de oportunidades econômicas, sociais e políticas. Assim, a inclusão digital do campo poderá alavancar os processos de desenvolvimento rural e regional. Nesse sentido, as famílias rurais deverão, além de acessar essas tecnologias (infraestrutura), desfrutar de informações compatíveis com seu modo de vida e qualificadas para sua utilização.