PRECONCEITO E DEFICIÊNCIA: O ESTRANHAMENTO DA SOCIEDADE.

CIBELI SOPELSA, MARCUS VINICIUS CASTRO WITCZAK

Resumo


O Serviço de Reabilitação Física a Nível Intermediário (SRFis) é um projeto de extensão comunitária da UNISC que oferece atendimento multidisciplinar (Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Medicina). Disponibiliza-se de equipamentos de órteses e próteses para as mais variadas demandas. O presente trabalho tem por objetivo a reflexão acerca do preconceito e a deficiência física. O sujeito deficiente é visto por vezes com estranhamento por parte da nossa sociedade (BAUMAN, 2005). A competitividade e o individualismo extremados, assim como a estereotipia, são fatores que padronizam e que rotulam as pessoas. Em razão disso, toda as possibilidades de inserção de um ou mais conceitos novos é, de certa forma, perturbada pela não reflexão. A pessoa portadora de deficiência caminha por um vasto terreno que propicia o preconceito, pois nela há um distanciamento dos padrões socialmente aceitos, sejam eles físicos e/ou mentais. O corpo deficiente remete à imperfeição, à incompletude, ao desamparo aprendido, às polifasias cognitivas, remetendo a tudo que represente e signifique impossibilidades. A imagem de um corpo perfeito, de um corpo consumo (WITCZAK, 2009) é mais do que uma representação social (GUARESCHI, 2007). A deficiência física e mental, a amputação, as diferentes sequelas neurológicas perturbam a construção social do corpo "são" e "trabalhador". Ao olharmos alguém nos olhos, vemos nossa imagem ali refletida, sendo assim, diante da diferença do outro, nos sentimos perturbados. A valorização do corpo é algo tão gritante que invisibiliza, ultrapassa e oculta todas as outras qualidades integrantes da pessoa. O método que fundamentou esta discussão é o construcionismo social, em que a noção de indivíduo é entendida como uma construção social, pretendendo escapar a uma perspectiva individualista (SPINK e FREZZA, 1999). Assim, se busca "identificar os processos pelos quais as pessoas descrevem, explicam e/ou compreendem o mundo em que vivem, incluindo elas próprias" (SPINK e MEDRADO, 1999, p. 60). Centra-se nas práticas discursivas que são os meios pelos quais as pessoas produzem sentidos e se posicionam nas relações que estabelecem no cotidiano. Os seus elementos constitutivos são a dinâmica (os enunciados e as vozes que os orientam), as formas e os conteúdos (repertórios interpretativos). Através da linguagem, a pessoa e seus interlocutores realizam um jogo de posicionamentos, seja intencional ou não. Portanto, na produção de sentidos há sempre um confronto de múltiplas vozes. E o sentido é dado pelo uso dos repertórios interpretativos de que as pessoas dispõem. O que se faz necessário entender é que o ser humano não é somente um corpo movido de aparências, mas sim constituído de diferentes formas de subjetivar, singularizando formas de agir/pensar, de expressar seus sentimentos, de realizar seus sonhos, de vivenciar seus desejos. O processo de incluir está diretamente ligado a aceitar o diferente, caso contrário vivenciaremos a inclusão perversa, conforme conceituado por (SAWAIA, 2003). Assim, o fazer profissional deve ir além dos rótulos estabelecidos, buscando-se conhecer o indivíduo de forma integral. Os estagiários de psicologia devem agir de forma empática para com o outro, exercitando a capacidade de enxergar e aproveitar o potencial de cada pessoa e, sobretudo, aprender a conviver com a diferença.


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