UMA EXPERIÊNCIA DE ATENÇÃO E CUIDADOS COM PAIS E FAMILIARES DE AUTISTAS

MIGUEL ANGEL LIELLO, VANESSA MONIGUELI GIEHL, CAROLINE LAU KOCH

Resumo


Introdução:240A chegada de uma criança é um momento único e especial para a família. Este é repleto de expectativas, planos e alegrias. Infelizmente, nem todos vivenciam este momento desta forma, pois seus filhos, ao nascer ou nos primeiros anos de vida, são diagnosticados com alguma patologia, o que ocasiona nas famílias sentimentos como medo, angústia, insegurança e até mesmo rejeição deste filho que chegou. O autismo é uma destas patologias. Provoca abalo na família e faz com que todos os membros necessitem de uma readaptação a esta nova condição familiar. O autismo é entendido como uma deficiência, um transtorno no desenvolvimento que acarreta grande prejuízo no contexto social e cognitivo do sujeito e, consequentemente ,acomete toda a família. No nascimento de um bebê são depositadas várias expectativas e idealizações. O diagnóstico de determinada limitação ou deficiência provoca na família a reelaboração destas expectativas, exigindo dos pais um grande esforço emocional para abandonar as fantasias iniciais e vivenciar o luto de um filho ideal. Objetivo: Ao longo do primeiro semestre de 2014, deu-se continuidade ao grupo de pais e familiares de autistas, que já acontecia, no Serviço Integrado de Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul. O objetivo do grupo foi de proporcionar aos pais ou familiares um momento de conexão e ressignificação de si mesmos, buscando diferenciar-se do outro que tanto necessita de cuidados, que é o filho autista. Metodologia: Os encontros foram realizados durante os meses de março a julho, de forma semanal, com duração de uma hora e meia, com o critério de que todos os participantes fossem pais ou familiares de um autista. A proposta grupal adotou recursos e experimentos que foram orientados pela abordagem gestáltica e coordenados por duas estagiárias de psicologia. Resultados: Inscreveram-se no grupo seis mães de crianças autistas e um pai, todavia, aderiram ao trabalho grupal quatro mães. O discurso destas mães voltou-se para seus filhos autistas, por mais que tivessem outros filhos. Os assuntos persistentes eram a respeito de comportamentos inadequados das crianças, os cuidados com medicação e preocupação com o futuro. Eram mães que estavam tensionadas com medo do contato social devido à forma de se portar do filho e que não se percebiam em outros papéis, como mulher, ou como esposa. Foram propostos e realizados experimentos de relaxamento e reflexão, direcionados especificamente para que estas mulheres pudessem dar-se conta de si, de seus desejos, de seus medos e vontades para além do filho autista. Integrou-se também o trabalho com as fronteiras de contato destas participantes. Em muitos relatos percebeu-se o afastamento e ruptura do contato de si, destas participantes e do próprio meio social, decorrente do desconhecimento e preconceito que existe sobre o autismo, por parte de muitos da sociedade. Conclusão: Este é um trabalho desafiador e ao mesmo tempo gratificante. É de suma importância ser desenvolvido, pois além de ser um grupo com várias conflitivas geradas a partir da descoberta do autismo, há também conflitivas pessoais de cada participante. Faz-se necessário um olhar acolhedor para este público, pois ele é, muitas vezes, desassistido pela área de saúde.240 240


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