Introdução: O sucesso no esporte depende de um arranjo complexo de muitas variáveis, dentre as quais se destacam as físicas, fisiológicas, táticas, psicológicas e sociais. O futebol, apesar de seu evidente caráter anaeróbio, presente nas ações mais decisivas do jogo, caracteriza-se como um exercício intermitente que depende também do metabolismo aeróbio para a produção de energia. Outra variável importante é a composição corporal, considerada como determinante para o sucesso no esporte, uma vez que está relacionada com a aptidão cardiorrespiratória. Objetivo: O presente estudo buscou analisar variáveis antropométricas e cardiorrespiratórias de jogadores profissionais de futebol, obtidos em avaliação realizada no Projeto Avaliação Funcional para a Comunidade. Estas avaliações foram realizadas na pré-temporada. Metodologia: Participaram deste estudo transversal 30 atletas do sexo masculino de uma equipe profissional de Santa Cruz do Sul, com média de idade de 23,97 (±4,97). Os instrumentos de coleta constaram de questionário de estilo de vida, escala de percepção subjetiva ao esforço de Borg e teste de esforço pelo protocolo de Bruce, realizado em esteira ergométrica, acoplado a um analisador de gases para medida direta das variáveis respiratórias. A avaliação antropométrica constou de peso, estatura, diâmetros e dobras cutâneas, a partir dos quais estimaram-se Índice de Massa Corporal (IMC) e percentual de gordura (%G) e definiram-se peso gordo (PG) e massa corporal magra (MCM). As variáveis respiratórias analisadas foram: consumo de oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (CO2) e ventilação pulmonar (VE). Foi determinada a velocidade de limiar ventilatório (vLV) por método visual-gráfico, plotando-se VO2 e VCO2 em função do tempo. Para fins de monitoração da frequência cardíaca, realizada em repouso e a cada minuto de teste, utilizou-se um frequencímetro (Polar), e a pressão arterial foi auscultada também em repouso e a cada três minutos. Resultados: No que se refere ao IMC, 50,0% dos atletas apresentou sobrepeso e, destes, 33,33% apresentaram excesso de massa gorda. Os níveis pressóricos foram considerados dentro dos padrões de normalidade na maioria dos casos, com a exceção de um atleta que foi categorizado como limítrofe. Os goleiros apresentaram valores maiores em todas as variáveis antropométricas analisadas. A capacidade de ventilação pulmonar dos jogadores desta posição também foi maior (94,28±15,81). Os meio-campistas apresentaram maior consumo de oxigênio de pico (42,05±5,79) e atingiram maiores velocidades no teste (8,18±0,96). Os jogadores de defesa alcançaram o limiar ventilatório a velocidades mais altas (7,56±0,76). Não houve nenhuma posição que se destacasse como melhor condicionada em todos os parâmetros avaliados, devendo o treinamento ser focado em deficiências específicas de cada grupo de jogadores. Conclusão: Destaca-se uma relação direta entre as variáveis, uma vez que o jogador apresentará melhor rendimento se possuir menor %G e, consequentemente, atingirá mais tardiamente o limiar ventilatório, assim a importância do treinamento destes atletas deve priorizar intensidades de treinamento acima da velocidade do limiar ventilatório e enfatizar a redução de massa gorda, especialmente para os goleiros.