SALA DE AULA: O ESPAÇO DO SER

JESSICA TAIARA KOTTWITZ, ELEMAR GHISLENI, ANGELA COGO FRONCKOWIAK

Resumo


240240240Este trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão acerca das atividades desenvolvidas através do Subprojeto Letras Português, pertencente ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). As atividades de monitoria em sala de aula, realizadas na Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich, contemplaram duas turmas de 6°s anos e aconteceram durante as aulas de Língua Portuguesa, no primeiro semestre de 2014. As oficinas sempre foram a forma de atuação escolar preferida pelo Subprojeto Letras Português, porém a carência de espaços na escola foi o motivo que nos conduziu às aulas de Língua Portuguesa. Apesar da estranheza dos primeiros monitoramentos, a convivência de uma tarde por semana fez com que a relação entre bolsistas, professor e alunos se intensificasse. O espaço da sala foi ocupado por diferentes situações de aprendizagem, gerando uma troca de saberes que se construiu ao longo dos encontros. Em uma dessas tardes, fichas poéticas foram espalhadas nas classes e os alunos ficaram maravilhados, principalmente porque um poema lido pela professora e que eles haviam gostado estava entre elas. Constatou-se que aquele espaço já não era uma sala de aula qualquer. A imaginação estava em jogo e as fichas poéticas não eram somente fichas, eram objetos que tinham um valor simbólico para aqueles estudantes. Os poemas que estavam ali foram, então, lidos e declamados. Em outro encontro, a turma já estava começando, à sua maneira, a escrever seus primeiros versos. Foram levadas cartolinas grandes e coloridas até a sala de aula e os alunos criaram a própria ficha poética, com direito à ilustração e tempo suficiente para produzi-la. Embora o espaço tenha sido o mesmo para todos, cada ficha tinha as marcas de quem a criou. Fazer tal atividade foi tão importante quanto vê-la sendo concluída. Habitar a sala de aula dos 6°s anos foi preencher o vazio daquele espaço com as vivências e particularidades que cada um carregava dentro de si. Foi, também, respeitar o espaço como um todo, os seus limites físicos e psicológicos. A convivência humana nem sempre é tarefa fácil, pois exige que alguém se cale enquanto outro quer falar. Nas turmas, sempre houve muita conversa e, quando algum aluno queria declamar um poema, por exemplo, era preciso acalmá-los e fazê-los prestar atenção. Embora os estudantes aparentassem imobilidade, percebia-se que suas mentes estavam agitadas. Cada aluno segurava inquieto sua ficha poética, esperando a vez de fazer sua leitura oralizada. Alguns ficavam relendo o poema, para não errar ou gaguejar quando chegasse a sua vez. Por meio dessas experiências, constatamos que o espaço físico da sala de aula pode ser quase ignorado se compararmos ao universo imaginativo que existe dentro de cada ser humano. O teórico francês Gaston Bachelard (1989) já dizia que a imensidão está em nós e, enquanto estamos imóveis, sonhamos com um mundo imenso.


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