OBTENÇÃO DE BRIQUETES A PARTIR DA CASCA DO ARROZ E AVALIAÇÃO DO SEU POTENCIAL ENERGÉTICO

GUSTAVO REISDORFER, NAILCE APARECIDA DORNELES VIEIRA

Resumo


Resíduo lignocelulósico agroindustrial, a casca de arroz está entre as fontes renováveis abundantes e de custo reduzido, acessível para a conversão em produtos com valor agregado. Obter briquetes de casca de arroz no seu estado natural e avaliar o seu potencial energético foi o objetivo central deste trabalho. Como o Rio Grande do Sul destaca-se como o maior produtor deste cereal no Brasil, simultaneamente, visa-se contribuir para a atenuação do problema ambiental consequente da disposição deste resíduo agrícola em locais inadequados e sem tratamento. Realizaram-se experimentos em escala de laboratório em seis momentos distintos e em triplicata. Em 03 bateladas utilizou-se melado e, em outras 03, o amido como ligante. A compactação ocorreu por meio de uma prensa hidráulica manual, aplicando-se 14.000,0 kgf/cm2. Para os corpos de prova utilizaram-se moldes de aço de 6,97 cm de diâmetro por 45,0 cm de altura, obtendo-se 18 briquetes com média de 15,0 cm de altura e 630,0 g de massa. A secagem se deu em temperatura ambiente por 48 horas. As 06 amostras analisadas apresentaram Poder Calorífico Inferior (PCI) satisfatório, que é a energia efetiva do material, valores entre 3.545,0 e 4.355,0 kcal/kg, sendo que, a amostra 6 com o amido e serragem apresentou maior PCI. Avaliaram-se os teores de umidade higroscópica (2,20 226 4,58%), teor de carbono (43,25 226 52,97%), hidrogênio (5,60 226 6,30%), nitrogênio (1,36 226 2,14%) e teor de cinzas (1,56 226 12,95%), todos ficaram próximos aos teores de briquetes de outras biomassas. A casca de arroz não briquetou somente com a aplicação de pressão, necessitou a utilização de ligantes, misturas, água e temperatura. De modo que, a adição destes materiais foi fundamental para a unificação das partículas e a obtenção dos briquetes. Tanto o amido quanto o melado demonstraram-se eficazes como agentes ligantes. Embora, o melado elevou os teores de umidade higroscópica das amostras, tornando-as mais sensíveis a absorção de umidade do ambiente. Logo, estes teores foram similares a briquetes de outras biomassas. Os briquetes que apresentaram o maior teor de umidade total (18,77%) foram os que se utilizaram o melado. Porém, ainda inferiores à umidade da lenha (25,0 226 30,0%). As amostras que tiveram a serragem na sua composição apresentaram maior diminuição da massa após a cura, bem como, maior expansão no tamanho. Pode-se afirmar que a redução do volume dos materiais (das biomassas) após a densificação, em todas as amostras foi expressiva (57,81 226 77,83%), onde a maior redução constatou-se na amostra número dois, que continha pó da casca do arroz incluído no processo. Conclui-se que a densificação das cascas de arroz com a inclusão do pó da casca do arroz facilita as operações de manuseio do material combustível, além de concentrar a energia disponível em termos de volume. Entretanto, a presença deste pó no briquete, elevou o teor de cinzas após a combustão, ainda assim, os teores ficaram inferiores aos de briquetes produzidos com outras biomassas em outros trabalhos. O inverso ocorreu na compactação das cascas de arroz com a adição de serragem de madeira, onde se constatou que dificultou as operações de manuseio e armazenamento dos briquetes.240Os produtos finais, os briquetes, atenderam as funções esperadas deste estudo podendo desempenhar satisfatoriamente a substituição das fontes caloríficas tradicionais, comparando-se inclusive aos tradicionais briquetes de carvão vegetal e lenha.


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