O IMPACTO DE UMA INFÂNCIA TRAUMÁTICA NA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE BORDERLINE - UM ESTUDO DE CASO.
Resumo
O presente trabalho aborda um estudo de caso realizado com uma paciente de psicoterapia no SIS (Serviço Integrado de Saúde), que funciona junto à UNISC. A análise apresentada foi elaborada com base em um estudo de caso em que a paciente expôs, durante as sessões, fatos referentes à sua infância, indicadores de situações traumáticas que podem ter contribuído para a formação de um Transtorno de Personalidade Borderline. Por intermédio de um serviço de saúde, a referida paciente foi encaminhada à psicoterapia, com indicação de depressão e conflitos familiares. A esse respeito, Nichols e Schwartz (1998), citados por Penso e Costa (2008, p.16) esclarecem que: "O problema familiar é o resultado de uma sequência multigeracional em que todos os membros da família são agentes e reagentes". Segundo esta concepção, a formação e diferenciação do self resulta de um processo familiar, transmitido por meio das gerações, o que auxilia a compreender a dinâmica que age nas relações familiares, em que o modo de transmissão leva à repetição de padrões de relacionamento (PENSO e COSTA, 2008). Durante a análise, observou-se que a paciente passou por importantes perdas durante sua infância, inclusive a de sua mãe, que faleceu quando ela tinha um ano. Após, a paciente foi criada pelos avós, até o início de sua adolescência, em um ambiente sem estrutura e sem afeto, nos qual foi negligenciada e presenciou cenas de abuso sexual do avô contra sua avó, que era alcoólatra. Tal situação se repetiu em outras ocasiões no início de sua vida adulta, causando-lhe grande sofrimento. Os fatos ocorridos na infância afetaram seus relacionamentos durante toda a vida, inclusive no que diz respeito a suas filhas e a seu marido. A paciente também revela sentir muita raiva, chora e sofre por não conseguir ser feliz e relata fatos que ocorreram no início de sua vida adulta, quando teve relacionamentos amorosos com dois homens, que posteriormente a abandonaram, tendo, por isso, aberto mão de seus filhos, por não ter condições de criá-los. Hoje, a paciente tem um relacionamento conflituoso com seu marido, que é ex-alcoólatra, e afirma só aceitá-lo ainda em sua casa por causa das filhas, pois, no passado, a família passou fome, porque ele gastava todo o dinheiro que possuía fora de casa. Tal vivência leva a pensar nos motivos que a fazem permanecer há tanto tempo junto ao marido, que só prejudicou a ela e às filhas. Atualmente, a paciente trabalha com menores infratores, sente-se muito estressada e sem paciência, o que pode causar prejuízos em seu trabalho.
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