Anfíbios, em geral, são animais sensíveis às alterações do meio ambiente em que vivem, podendo a mudança ou degradaç@£o desse ambiente afetar drasticamente seu ciclo de vida, gerar estresse e até enfermidades. Para entender melhor este assunto, devemos relacionar essas espécies com os possíveis micro-organismos e parasitas que os anfíbios carregam, por exemplo, fungos epidérmicos, sendo este um trabalho inédito na região. O presente estudo tem como objetivo identificar as espécies de fungos aquáticos encontrados em anfíbios anuros na região de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires - RS, relacionando a sua presença/ausência nestas populações de anfíbios. Nesse intuito, foram escolhidos dois pontos de amostragem, um em Venâncio Aires - RS e outro em Santa Cruz do Sul - RS, em dois remanescentes de Mata Atlântica, utilizando-se o método de procura visual ativa e procura em sítios de reprodução para localizar os anuros. Em todos os anfíbios encontrados durante as amostragens, passou-se um "swab" estéril, a fim de coletar fungos epidérmicos. Os "swabs" utilizados foram levados ao laboratório de biologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, no qual foi feito o isolamento dos fungos, através do método de iscas para isolar fungos aquáticos, sendo todos os fungos e anfíbios identificados com a ajuda de bibliografia especializada e especialistas no assunto. No total, foram quantificados 24 indivíduos de anuros, de nove espécies diferentes, na qual inclui-se Dendropsophus sanborni, Leptodactylus latrans, Leptodactylus chaquensis, Leptodactylus latinasus, Hypsiboas pulchellus, Physalaemus gracilis, Physalaemus cuvieri, Pseudopaludicola falcipes e Scinax sp. Dos 24 indivíduos de anuros amostrados, 21 apresentaram fungos aquáticos, dos gêneros Achlya, Saprolegnia, Leptomitus, Apodachlya, a espécie Batrachochytrium dendrobatidis, e alguns representantes do filo Chytridiomycota. Os fungos de maior ocorrência foram os gêneros Achlya e Saprolegnia, que podem se tornar nocivos quando o animal encontra-se imunocomprometido. Chama atenção a ocorrência do fungo Batrachochytrium dendrobatidis, que é considerado um patógeno de anfíbios e que levou diversas populações destes animais à extinção. Relacionar as espécies de anfíbios e seus fungos visa ajudar na conservação dos primeiros e na compreensão de seus possíveis patógenos; tais estudos ainda dispõem de pouquíssimos trabalhos, principalmente no bioma abordado. A preservação da Mata Atlântica é uma medida urgente e necessária, tanto para preservar populações de anfíbios quanto para toda a riquíssima biodiversidade que este bioma apresenta.