ASSÉDIO MORAL E VIOLÊNCIA NO TRABALHO

PATRÍCIA DE SOUZA AGUNDES, MARCUS VINICIUS CASTRO WITCZAK, MILLENA RODRIGUES HERMES

Resumo


Introdução: Sabe-se que as diferentes formas contemporâneas de organização do trabalho causam significativos impactos físicos e psíquicos na vida dos trabalhadores, uma vez que o tempo dispensado à produção exige demais do trabalhador, resultando em uma negação dos cuidados de si e visando às necessidades de um mundo do Capital. A produtividade em massa é fator incidente para cenas de humilhação e pressão aos chamados de "colaboradores" nas empresas, que, na realidade, podem ser considerados mais explorados do que colaborativos, e esse contexto de exploração e pressão, que trata o trabalhador como um objeto de produção, despersonificando-o, é propício para que ocorra o assédio moral (BARRETO, 2009). Objetivo: Entender quais situações de violência configuram-se como assédio moral. Metodologia: O estudo foi realizado no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST/Vales), pelo meio de pesquisa bibliográfica e de relatos profissionais, com coleta de dados em diário de campo e metodologia relacional (SPINK, 2010) Resultados: O assédio moral é uma situação de agressividade no trabalho marcada por comportamentos repetitivos e sistemáticos com o propósito de prejudicar e excluir alvos escolhidos (SOBOL e HELOANI, 2004). Algumas situações de violência diferem do assédio moral, por exemplo, as agressões pontuais, impulsos que não têm a intenção de prejudicar o outro, e o assédio organizacional, uma violência inserida na estrutura das políticas organizacionais, que visa à produtividade e controle organizacional. O estresse no trabalho só se torna assédio moral com excesso, mas por si só, não se configurar como tal (HIRIGOYEN, 2005). A agressão verbal pontual também não pode ser configurada como assédio moral, pois ela pode ocorrer de modo impulsivo e sem repetição. Também a violência física não é, em si, considerada assédio moral, bem como a violência sexual, que já é qualificada penalmente. Conclusão: Através dos atendimentos realizados no CEREST/Vales, casos de sofrimento psíquico são relatados, sucedendo que, na maioria das vezes, os sujeitos não percebem que foram submetidos ao assédio moral ou organizacional, sendo o fenômeno percebido somente por profissionais capacitados. Percebe-se que os sujeitos acometidos por assédio moral já o sofriam antes mesmo do agravo físico, mas, após adoecerem, o assédio se intensifica, refletindo, assim, nas relações interpessoais no ambiente de trabalho. Por tratar-se de um fenômeno circular, o assédio moral costuma gerar ansiedade através do comportamento do agressor e também um comportamento defensivo no assediado, o que faz com que novas agressões sejam desencadeadas. O papel do CEREST/Vales frente a esta situação é o de alertar trabalhadores e organizações a respeito deste fenômeno, para que não seja banalizado e sobre o fato de existirem formas para seu enfrentamento.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.