O presente trabalho contempla o ato de brincar como uma forma de expressão que manifesta as mais diversas culturas nas quais as crianças estão inseridas e tem como proposta olhar para as culturas da infância, exercitando a percepção e a escuta das crianças, proporcionando também uma reflexão sobre a criança, sua infância e suas brincadeiras. O principal objetivo deste trabalho é proporcionar reflexões aacerca da educação comunitária, dos modos de vida populares e de questões culturais que envolvem o brincar das crianças situadas em variados lugares e em diversas circunstâncias. Para tanto, este estudo foi desenvolvido no primeiro semestre do ano de 2015, na disciplina de Psicologia Comunitária, por meio da qual uma série de linhas teóricas, vivências, percepções e pesquisas auxiliaram a tecer esta análise. Algumas questões abarcam problematizações a serem feitas, como, por exemplo: "que elementos estamos disponibilizando para as nossas crianças vivenciarem?"; "que espaço estamos oferecendo para que elas brinquem e se desenvolvam?"; "que conceito e realidade de vida comunitária estamos deixando para a futura geração?". A metodologia aplicada para o desenvolvimento do presente estudo se deu através dos seguintes recursos: visita à aldeia indígena Guarani, seguida de leituras sobre Biodança e Psicologia Comunitária, com suas respectivas práticas em sala de aula, e da pesquisa de dois projetos externos, em desenvolvimento, chamados "Território do brincar: um encontro com a criança brasileira" e "Caramba, carambola! O brincar 'tá' na escola". O primeiro projeto citado conta com uma equipe multidisciplinar que visa conhecer e estudar as crianças nas diversas regiões do Brasil, já o segundo, objetiva trazer às escolas um novo brincar, tendo como instrumento desta ação lúdica alguns materiais simples e naturais, estimulando, assim, a imaginação das crianças. O resultado deste trabalho pode ser visto pela diversidade de aspectos físicos, psíquicos, culturais e sociais que envolvem o brincar, atividade em que a criança se desenvolve, se constrói como ser humano. Próximo ao final do trabalho, pode-se observar a problematização sobre a infância que as crianças estão vivendo atualmente e quais as influências das culturas externas, transmitidas pela mídia (por exemplo, redes sociais, dispositivos móveis e brinquedos globalizados), nas brincadeiras infantis. Por meio do aprendizado e vivência com as crianças Guarani foi possível perceber a importância do viver em comunidade, do brincar com elementos que a natureza oferece e da educação para o desenvolvimento das crianças. Na execução deste trabalho, foram apresentadas três bonecas (uma da tribo indígena amazonense, uma da pedagogia de Waldorf e a Barbie) para ilustrar esta multicultura. O conjunto das brincadeiras de "faz de conta" de cada criança ou grupo infantil por um lado acontece de acordo com o que o meio oferece, e, por outro lado, impregna-se da realidade doméstica, da cultura do grupo social, da cultura que é transmitida pela mídia e da cultura universal, a mistura deste repertório lúdico é de grande riqueza, pois, conforme um ditado popular africano "é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança". Todavia, as crianças não têm a consciência do valor de seus patrimônios culturais e, geralmente, estão desejando aquilo que recebem através mídia externa.