COMUNIDADES DE FORMIGAS EDÁFICAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) EM TRÊS DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Resumo
Em habitat homogêneos, como os de cultivos anuais, terrenos urbanos e campos de gramíneas, o número de espécies é baixo e existe uma forte tendência à dominância de uma delas ou mais. Por outro lado, em florestas e outros ambientes com elevada estratificação vertical, a riqueza de espécies aumenta, bem como a dominância relativa delas é reduzida. As formigas destacam-se dentre os insetos por serem organismos com inúmeras funções ecológicas, participando de teias alimentares, ciclagem dos nutrientes, interações harmônicas e desarmônicas com outros organismos, bem como apresentam importância econômica, sendo que algumas espécies são consideradas pragas agrícolas. O objetivo deste trabalho foi analisar e comparar a composição da mirmecofauna edáfica associada a três fitofisionomias no município de Santa Cruz do Sul - RS, sendo estas uma monocultura de eucalipto, uma pastagem de bovinos e uma mata nativa. Para isso, realizaram-se coletas semanais no período de outubro/09 até março/10 com armadilhas de solo do tipo Pitfall, distribuídas em quatro pontos em cada fitofisionomia. As formigas foram identificadas até o menor nível taxonômico possível e posteriormente tombadas na Coleção Entomológica de Santa Cruz do Sul (CESC). As espécies foram classificadas de acordo com seu padrão de ocorrência (acidental, acessória e constante). Para as fitofisionomias, calcularam-se os seguintes índices faunísticos: riqueza de espécies, diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade de Pielou. Para comparar a similaridade entre os ambientes, fez-se uma análise de cluster, bem como o teste-t, utilizando-se o software estatístico PAST. Montaram-se as curvas de acumulação das espécies para avaliar a suficiência das coletas na amostragem da diversidade de formigas. Um total de 7984 formigas foi coletado, sendo 27, 2% em monocultura de eucalipto, 20, 2% em área de pastagem de bovinos e 52, 7% em mata nativa. As formigas pertencem a seis subfamílias, 17 gêneros, 22 espécies e seis morfoespécies. As subfamílias com maior riqueza específica foram Myrmicinae seguida de Formicinae. Já em relação aos gêneros, Camponotus e Pheidole foram os mais ricos no estudo. Pheidole sp. 1, Pachycondyla striata foi acessória na monocultura de eucalipto, Camponotus termitarius, acessória na pastagem de bovinos e P. striata acessória na mata nativa. As demais morfoespécies foram acidentais e não houve nenhuma constante. A mata nativa apresentou maior riqueza (23 espécies), seguida pela monocultura de eucalipto e pela pastagem de bovinos apresentaram, cada uma com 20 espécies. A diversidade de Shannon-Wiener foi maior para a mata nativa (2, 5 nats.ind-1), seguido pela monocultura de eucalipto (2, 446 nats.ind-1) e por último, a pastagem de bovinos (2, 431 nats.ind-1). Já em relação à equitabilidade de Pielou, a monocultura de eucalipto e a pastagem de bovinos obtiveram o valor de 0, 8166, seguidas pela mata nativa, 0, 7974. O teste-t não revelou diferenças significativas entre as fitofisionomias, embora a análise de cluster tenha demonstrado uma maior similaridade entre os ambientes antropizados e a separação deste grupo da mata nativa. As curvas de suficiência amostral atingiram assíntota, demonstrando que as fitofisionomias foram bem amostradas.
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