Cuidando do Cuidador é uma Análise e Intervenção Institucional e Comunitária, atividade obrigatória durante a prática do estágio curricular, necessária para obtenção do grau de bacharel em psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O estágio ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSIA) com duração de um ano, sendo de agosto de 2013 a julho de 2014. A Análise tem seu foco no autocuidado do cuidador, sendo o autocuidado uma consciência do ser que somos, como reagimos ao longo da vida, a que damos importância e sentido, enfim, como um processo de autoconhecimento. A atividade foi realizada através de questionários respondidos pelos trabalhadores do serviço com o intuito de sabermos se há uma preocupação destes com seu autocuidado, bem como a forma como o exercem, visto que o trabalho no âmbito de saúde mental implica ao trabalhador uma sobrecarga emocional, que, quando não trabalhada, pode comprometer a saúde dos cuidadores e consequentemente prejudicar a qualidade dos atendimentos ofertados pelo serviço. As presentes respostas nos questionários foram suficientes para o alcance do meu objetivo e mostram que a equipe do CAPSIA reconhece uma importância no autocuidado, porém, este não é de fato praticado por eles. Após a obtenção destes dados, realizei minha intervenção, o objetivo foi proporcionar à equipe um momento de autocuidado e possivelmente fazê-los buscarem novamente outras atividades nesse sentido. Utilizei como instrumento o método da vivência, desenvolvido na Psicologia Comunitária, já que este possibilita que os sujeitos entrem em contato com a realidade a partir de sua espontaneidade, sua sensibilidade e principalmente de seus sentimentos. A intervenção teve três momentos, inicialmente entreguei um papel em branco para cada membro da equipe no qual poderiam fazer anotações sobre qualquer informação que viesse à mente durante toda a intervenção, seja ela uma memória, uma reflexão, um sentimento, etc. No segundo momento, os profissionais assistiram um vídeo, parte do documentário Eu Maior, momento que mais sensibilizou todos, fazendo-os entrar em contato mais profundo consigo, com suas emoções e particularidades, ou seja, seu autoconhecimento e seu autocuidado numa relação grupal. Após este momento, a equipe, bastante emotiva, formou uma roda de conversa, um momento de troca de reflexões. Neste momento, a maioria dos profissionais compartilharam suas anotações, bem como outras reflexões. A história de vida de um, fez sentido ao outro e assim, esta intervenção possibilitou um momento de autocuidado, como também o fortalecimento do vínculo da equipe do serviço. Ao final de toda a atividade, os profissionais comentaram sobre o valor de momentos como este proporcionado, pois, muitas vezes, a preocupação em dar conta de toda demanda dos atendimentos no serviço, faz com que o sentido pessoal e comunitário do trabalho se despotencialize. Por isso, enquanto acadêmica do Curso de Psicologia, penso que o estágio na rede de saúde seja um espaço, não só de aprendizado com a prática já existente nos locais mas uma possibilidade, de criar novos espaços, produzir mudanças e promover a saúde também dos trabalhadores.