A ETNOGRAFIA COMO MÉTODO DE PESQUISA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

MARI ÂNGELA AEDKE, CAMILA FINKLER

Resumo


Introdução: A etnografia, como base metodológica, permite o estudo de grupos numa perspectiva cultural. Nessa mesma linha, tem-se a etnoenfermagem, que é adaptada para o estudo dos fenômenos etnográficos na enfermagem, método eficiente para obter fatos, sentimentos, visões de mundo e outros tipos de dados que revelam o mundo real, verdades e modos de vida das pessoas, permitindo a compreensão de crenças e valores, além de possibilitar a construção do conhecimento em diversos aspectos do cuidado. Permite, também, a aproximação entre pesquisador e cenário de estudo, na busca da compreensão da subjetividade dos seres humanos, seus pontos de vista e as condições sociais nas quais se desenvolve o fenômeno do cuidado. A partir disso, destaca-se a Teoria de Enfermagem Transcultural, defendida por Madeleine Leininger, partindo da premissa de que as pessoas de cada cultura não apenas podem ser e definir as formas as quais percebem seu mundo, mas também relacionar suas experiências e percepções com as crenças e práticas de saúde. Objetivos: Descrever a experiência de um estudo que utilizou a etnoenfermagem como base metodológica, para verificar a interface entre a subjetividade de parturientes no enfrentamento da dor durante o trabalho de parto e a assistência prestada pela equipe de enfermagem em um Centro Obstétrico de um Hospital de Ensino. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de uma pesquisa do tipo qualitativa, inserida na Teoria de Enfermagem Transcultural, com abordagem etnográfica, utilizando o método de etnoenfermagem. Resultados: A observação participante foi a técnica mais recomendada para a coleta de dados, por consistir no ato de perceber um fenômeno e registrá-lo com propósito científico. Os dados foram coletados in loco, para isso, foi necessária a inserção da pesquisadora no cenário de assistência direta a paciente, de modo que a observação manteve-se presente durante todo o período, já a participação foi introduzida gradualmente, combinada, simultaneamente, com um diário de campo e análise de arquivos. Para a facilitação deste processo foi essencial haver objetivos, critérios de inclusão e exclusão do estudo bem estabelecidos, além de um roteiro de observação com questões norteadoras. A amostra da pesquisa foi definida espontaneamente, pois foi dada maior importância ao significado dos depoimentos do que ao número de informantes. Sendo assim, o total de participantes estabeleceu-se quando as pesquisadoras alcançaram o entendimento dos fenômenos. A análise dos dados transcorreu por meio das quatro fases descritas na literatura: na primeira, ocorreu a relação dos dados coletados, a segunda, foi caracterizada pelo agrupamento de semelhanças e divergências, buscando a identificação de descritores. A terceira fase analisou o padrão contextual, visando à saturação de ideias e, por fim, na quarta, foram discutidas as descobertas da pesquisa. Conclusão: A compreensão e respeito à realidade cultural dos indivíduos reflete um desafio aos profissionais da saúde no que concerne ao cuidar, considerando a subjetividade e complexidade dos fatores inter-relacionados neste processo. Este método de pesquisa permitiu maior aproximação com o cenário de assistência direta às parturientes, sendo de suma importância para compreensão da influência de fatores culturais na dinâmica da vida humana. Nesse sentido, sugere-se sua utilização para demais pesquisas como forma de aumentar a qualificação do cuidado e a humanização da assistência.


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