VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA NOS AGRAVOS À SAÚDE RELACIONADOS AO TRABALHO: UM ESTUDO EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA

ROBERTA CRUZ DOS SANTOS, SILVANA SPALL EISENHARDT, MICILA PIRES CHIELLE, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


A relação saúde-trabalho-adoecimento vem mostrando-se cada vez mais presente, pois as mudanças do mundo moderno e na organização do trabalho estão acarretando muitos danos à saúde dos trabalhadores. Assim, em 2012, o Ministério da Saúde - Brasil lançou a Politica Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), que preconiza a informação e a atenção adequada aos agravos relacionados ao trabalho através de vigilância epidemiológica e sanitária, promoção da saúde e prevenção destes agravos. Dentre as estratégias da PNST estão os Sistemas de Notificações para a Vigilância Epidemiológica, que utiliza o Sistema de Informações de Saúde, um grande avanço tecnológico para os serviços de saúde, pois contribui no processo de vigilância em saúde e fortalecimento das ações, fazendo parte o Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN) e o Relatório Individual de Notificações de Agravos (RINA), cujo objetivo é registrar e notificar os agravos ou doenças relacionados ao trabalho. Porém, muitos profissionais da saúde não os utilizam ou ainda desconhecem a política que previne e promove a saúde dos trabalhadores. O objetivo deste estudo é relatar a experiência de busca ativa de casos de trabalhadores acometidos por agravos à saúde no trabalho e atendidos em serviços de emergência. O estudo, do tipo relato de experiência, foi realizado no período de abril a julho de 2014 em duas unidades de Pronto Atendimento no município de Santa Cruz do Sul/RS e desenvolvido pelo Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET Saúde/ Vigilância em Saúde - projeto Saúde do Trabalhador, em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Para tanto, foram analisadas todas as fichas de atendimento ambulatorial, sendo separadas as que apresentavam casos confirmados e dos casos suspeitos de acidentes de trabalho típico ou de trajeto, após, houve contatos telefônicos com os pacientes para investigar as informações dos casos. Resultados: os casos suspeitos foram de 171 pacientes atendidos, 66 pacientes atenderam a ligação telefônica e com o restante não foi possível o contato, destes, 24 casos não eram acidentes de trabalho, cinco foram acidentes domésticos, um caso de óbito não relacionado ao trabalho e três casos confirmados de acidentes de trabalho e já notificados no SINAN. Os outros 33 casos foram confirmados como agravos à saúde relacionados ao trabalho, sem notificação epidemiológica do caso e cujo registro (RINA) foi preenchido pelos integrantes do projeto. Conclui-se que se mostra preocupante a carência de entendimento sobre a importância desta Política, da notificação dos casos e os efeitos devastadores que pode trazer para a saúde, causados pelos agravos relacionados ao trabalho. A rede básica de saúde constitui-se em uma importante fonte de informação, devido à sua capilaridade. Portanto, é necessário e essencial sensibilizar os profissionais de saúde para a identificação e registro das informações, notificando os casos, pois somente a vigilância epidemiológica possibilita o adequado planejamento das ações e melhorias na qualidade de vida atenção à saúde.


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