"AS ELITES EMPRESARIAIS RELACIONADAS ÀS INDÚSTRIAS EM SANTA CRUZ DO SUL"

DORIS MARIA MACHADO DE BITTENCOURT , THAIS DENISE ZATT, MILTON ROBERTO KELLER

Resumo


Este trabalho é parte do projeto de pesquisa "A Arquitetura Industrial na República Velha: o Caso de Santa Cruz do Sul", coordenado pela professora Doris Maria Machado de Bittencourt e pelo professor Milton Roberto Keller. Está sendo desenvolvido através de levantamento físico-visual dos prédios utilitários existentes, análises de fotografias e documentos históricos do Centro de Documentação da Universidade de Santa Cruz do Sul (CEDODC), pesquisas em fontes bibliográficas constituídas por manuscritos, livros, jornais e periódicos, além de entrevistas com pessoas ligadas à história da industrialização. O presente trabalho tem por objetivo contextualizar o processo de formação e ascensão de empresários e comerciantes, através de estudos de caso, que atuaram como elite santa-cruzense durante a República Velha (1890-1930), considerando que o processo de nascimento das indústrias esteve ligado ao processo de imigração-industrialização. Serão abordados aspectos de ascendência familiar, econômicos, religiosos, de capital escolar e social, transferência de capital empresarial além de vínculos matrimoniais, características de cunho desta elite que teve diferentes meios de ascensão condicionados a âmbitos individuais ao longo do tempo. De tal forma, o "burguês-imigrante", do "imigrante-operário" a elite e a dinâmica da sequência de ascensão entre gerações do "avô agricultor, pai comerciante e filho grande empresário local". Neste trabalho, reconstruiremos a trajetória do comércio, das indústrias e fábricas que potencializaram o grande giro de capital econômico e possibilitaram a consolidação de uma renomada elite que chegou a desenvolver uma rede social estruturada pelo empresariado local a partir de firmas como a Caixa Cooperativa de Crédito Santa-Cruzense, futuro Banco Agrícola Mercantil S/A., o maior banco privado do Rio Grande do Sul, e a Companhia de Fumos Santa Cruz S/A., a maior indústria de cigarros da região sul do Brasil. O alto giro de capital também promoveu a criação de clubes e sociedades, espaços que promoviam os vínculos e redes sociais entre famílias da elite, sendo administradas por membros da mesma, relacionados fundamentalmente nas ligações de confiança quanto à dinâmica economia que se promovia. Nesse sentido, busca-se contextualizar clubes e sociedades que se mostravam fortemente presentes até 1930. Dessa forma, o trabalho permite compreender o contexto histórico e a dinâmica pela qual a cidade e a indústria foram estruturando-se no território santa-cruzense, tal qual como sua grande importância econômica para a região sul, como também a análise de indivíduos que passaram a possuir um grande capital econômico e social, de modo a transferi-lo por gerações, cujas trajetórias biográficas permitem observar o nível de complexidade da industrialização de Santa Cruz do Sul e da própria composição do empresariado local.


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