SOBREVIVENTES: LIVRO-REPORTAGEM SOBRE QUEM SAIU COM VIDA DO INCÊNDIO DA BOATE KISS, EM SANTA MARIA

HELIO AFONSO ETGES, EDUARDA PAVANATTO FONTOURA, LUIZA ADORNA OLIVEIRA

Resumo


Na manhã de domingo, no dia 27 de janeiro de 2013, o Brasil era acordado com a notícia de um incêndio. Uma boate em Santa Maria, cidade universitária do Rio Grande do Sul, pegou fogo durante a apresentação de uma das atrações da noite. As notícias, no começo, anunciavam poucas mortes. Mas, à medida que o tempo passava, o número de vítimas impressionava. O incêndio da boate Kiss deixou 242 pessoas mortas e centenas de feridos. O caso repercutiu não apenas em rede nacional, mas no mundo todo. 27 de janeiro deixou de ser um dia comum e passou a ser lembrado como a data de uma das maiores tragédias da história do país. Nos dias subsequentes, os meios de comunicação buscaram relatar a tristeza que se abatia na cidade e tentavam, ainda, encontrar culpados para o incêndio. Sem que a importância dessas questões fosse minimizada, percebeu-se a necessidade de dar voz àqueles que conseguiram sair da boate e, hoje, seguem suas vidas mesmo com marcas físicas e emocionais de quem é, e sempre será, um sobrevivente da boate Kiss. Em vista disso, o livro-reportagem tem como base o depoimento de sete sobreviventes que se dispuseram a contar suas histórias e, assim, representar tantos outros que também saíram com vida da Kiss. Sobreviventes é formado por cinco capítulos, sendo o primeiro desenvolvido a fim de contextualizar o caso. Buscou-se narrar o antes, o durante e o depois do dia 27 de janeiro, vivenciado pelos sete personagens e apresentados de forma intercalada. Cabe ressaltar que, abordar um caso desta magnitude, foi tarefa delicada, principalmente, pela comoção que o envolve. Santa Maria sofreu e ainda sofre com os efeitos emocionais deixados pela perda de 242 jovens. Por conta disso, quando se iniciou o processo de pesquisa e desenvolvimento das ideias, a principal preocupação se mantinha quanto à receptividade dos entrevistados. O receio encontrava-se na proposta de mostrar, acima de tudo, a superação vivenciada por eles, não fosse compreendida de início. A resposta, entretanto, foi outra. Os sobreviventes mostraram-se dispostos a contribuir desde o primeiro contato. Compreenderam que o propósito do projeto não era procurar culpados, mas, sim, contar suas próprias histórias. Os resultados positivos ficaram ainda mais evidentes na leitura dos textos. A emoção de muitos ao lerem suas histórias, descritas de forma literária, provou que jornalismo e literatura não só podem, como devem, caminhar lado a lado. A obra originou-se do trabalho apresentado à disciplina de Projeto Experimental em Jornalismo, do curso de Comunicação Social. A partir disso, faz-se necessário destacar que conseguir entregar a obra finalizada no dia de sua defesa, também foi um dos resultados obtidos durante o processo. Fazer, de fato, é melhor do que sonhar. Ao abordar, em um livro-reportagem, a história de sobreviventes do incêndio da boate Kiss, sabia-se o tamanho do desafio. Foram necessários dedicação e responsabilidade, não apenas em cumprir prazos, mas sim, e principalmente, com os personagens que farão parte da futura publicação. Neste caso, o cuidado foi redobrado, por tratar de algo recente e motivo de dor por parte dos envolvidos. O dia 27 de janeiro de 2013 lembra um episódio triste de Santa Maria, mas também carrega importantes histórias de superação que merecem ser contadas. A partir disso e da realização das entrevistas, foi possível perceber, com mais força, o outro lado, por vezes esquecido: a história de quem sobreviveu à Kiss e precisa reaprender a viver.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.