TRANSTORNO AUTISTA: QUESTÕES RELACIONADAS AO CONTATO A PARTIR DA ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

MIGUEL ANGEL LIELLO, GABRIELA CARVALHO MACHADO

Resumo


Os casos de autismo têm se tornado cada vez mais presentes em nossa sociedade. Assim, surge a necessidade de buscar maiores informações e esclarecimentos sobre essa psicopatologia que traz consigo tantas inquietações. O comportamento autista é recheado de peculiaridades, pois devemos considerar que o autismo pode se apresentar de formas leves a graves. Com isso, neste trabalho buscou-se saber mais sobre as formas de relação dos autistas. Os objetivos foram: compreender como, na visão de profissionais da saúde, as pessoas diagnosticadas com autismo entram em contato consigo, com o terapeuta e com o mundo; averiguar como as pessoas diagnosticadas com autismo expressam seus sentimentos e emoções; investigar como os profissionais de saúde experienciam o trabalho com as pessoas diagnosticadas com autismo; investigar como o vínculo terapêutico vai se construindo ao longo do tratamento; averiguar quais são os desafios encontrados pelos profissionais no contato com pessoas diagnosticadas com autismo. A pesquisa é de caráter qualitativo e o método utilizado foi a Análise de Conteúdo de Bardin. O trabalho possui quatro categorias e duas subcategorias. A primeira categoria fala sobre o vínculo construído no espaço terapêutico, sobre o encontro entre terapeuta e paciente. Esta categoria se divide em duas: a primeira subcategoria fala sobre o vínculo construído pelo profissional, suas experiências e percepções; a segunda fala sobre o vínculo apresentado pelo autista, sua forma de comunicação e adaptação ao contexto. Na segunda categoria discute-se sobre os sentimentos despertados nos profissionais, sejam estes relacionados ao paciente ou às suas famílias. A terceira categoria é sobre o trabalho com os autistas, as formas de encarar o diagnóstico e a unicidade que cada ser requer. A quarta e última categoria fala sobre os desafios vivenciados pelos profissionais entrevistados, que vão desde o diagnóstico até a relação com a família e sociedade. Ao final dessas quatro categorias, utilizou-se a teoria da Gestalt-terapia (norteadora de todo o trabalho) para trazer algumas considerações importantes. Segundo esta teoria, o autista se encontra em um estado de psicose, pois seu contato com o mundo é disfuncional. Também fez-se uso do ciclo de contato, por meio do qual é realizada a análise do desenvolvimento normal em Gestalt-terapia. Fazendo esta análise, no caso de quadros de autismo, entende-se que esses sujeitos encontram-se num estágio de sensações, ou seja, o autista possui sensações, necessidades, mas ele não sabe como agir com elas, como expressá-las de forma adequada. Diferentemente de uma criança típica, o autista não sabe diferenciar emoções, mas poderá aprender a lidar com elas ao longo de seu desenvolvimento. Com isso, explicam-se algumas atitudes "não típicas" apresentadas por eles. Dessa forma, cabe a nós, profissionais da saúde e cidadãos, aprender a lidar com as diferenças e buscar tornar o cotidiano de nossos autistas o mais saudável possível. Devemos nos integrar às diferenças, podendo, assim, conhecer novos mundos.


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