SUSTENTABILIDADE E ARTE: GERANDO EXPERIÊNCIAS

NICOLE PETRY RIEGER, ZORAIDE LINHARES SILVEIRA, ANGELA COGO FRONCKOWIAK, ELEMAR GHISLENI

Resumo


O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/UNISC aproxima os acadêmicos da realidade das escolas, oferecendo possibilidade de atuação em oficinas, intervenções e monitorias, com turmas de ensino fundamental e médio. O subprojeto Letras/Português estuda textos teóricos com o intuito de que eles subsidiem nossas ações na escola. Entre um dos eixos norteadores estudados pelo grupo, está o conceito de experiência proposto por Jorge Larrosa Bondía (2002), que a encara como "o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca". Na EMEF São Canísio, tivemos a oportunidade de atuar na modalidade de oficinas. Era desejo da escola de que o subprojeto se envolvesse com a Sustentabilidade, tema de muito valor para a instituição e comunidade em que se localiza. Neste propósito, nossos planejamentos focalizaram estabelecer uma relação entre o universo das Letras e a preservação da natureza tentando proporcionar, ao mesmo tempo, que a experiência acontecesse dentro da sala de aula. Inicialmente, realizamos uma leitura da carta do Cacique Seattle, dirigida ao presidente norte-americano Franklin Pierce, em 1854, um documento histórico considerado uma grande declaração de amor à natureza. Nosso intuito era despertar o aluno à experiência, a entregar-se ao sentimento que se esvai do texto e deixar o texto tocá-lo, atravessá-lo. Em um cartaz coletivo, cada aluno iniciava a sua própria pintura que deveria tentar transmitir o sentimento de amor do Cacique pela natureza. Logo, uma pintura se unia a outra e um aluno pintava o desenho do outro, criando, assim, uma única pintura de amor à natureza. Já em outra atividade, estabelecemos um link entre uma reportagem da série Cidades e Soluções sobre os jardins filtrantes, inspirados nas pinturas de Monet, com a releitura de obras impressionistas diretamente ligadas à natureza. Depois os alunos realizaram uma pesquisa sobre os pintores Rugendas e Debret, com os quais fizemos um paralelo entre o Brasil recém descoberto, pintado por eles, e o Brasil de agora. Após a leitura de uma adaptação da carta de Pero Vaz de Caminha aos alunos, colocamos um som de mar com tempestade e pedimos que eles fechassem os olhos. Narramos a eles uma suposta chegada ao Brasil, de maneira que deveriam imaginar a si mesmos descobrindo o país. Cada aluno reproduziu a narrativa que imaginou em um desenho. Posteriormente, inventaram o rei que os teria mandado ao país, construindo sua figura em um desenho coletivo. A partir da narrativa do desenho e da construção da figura do rei, os alunos escreveram uma carta a ele, contando a aventura que passaram e como está o Brasil atualmente. Para finalizar o semestre, na intenção de sintetizar tudo o que aprenderam, os próprios alunos construíram um teatro sobre o tema sustentabilidade, que foi apresentado aos demais estudantes da escola. Desta maneira, nossas oficinas caminharam no sentido de tentar possibilitar ao aluno a experiência através do conteúdo e não apenas repassá-lo por uma metodologia tradicional, permitindo, assim, que o conteúdo o toque e o transpasse, não de maneira rasa e direta, mas de forma afetiva. Se para Larrosa (2002) a experiência não é o que acontece, mas o que nos acontece, o autor afirma que duas pessoas, ainda que enfrentem um mesmo acontecimento, não fazem a mesma experiência, esta é única, singular e impossível de ser repetida. Proporcionar a experiência em sala de aula é, em nossa visão, um dos maiores feitos que a docência pode oferecer.


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