QUEM É A "MULHER" DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE?

KARLA GOMES NUNES, ELISE JULIA SEHN, GRAZIELA RODRIGUES LUCAS, YANAÊ MAIARA EINHARDT

Resumo


Apresentamos, a partir deste resumo, os resultados de um trabalho de campo realizado para a disciplina de Seminário em Psicologia e Políticas Públicas, do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. Partindo do objetivo de discutir quem é a mulher das políticas públicas de saúde, fizemo-nos os seguintes questionamentos: Que tipo de orientações são feitas para o público feminino nas campanhas e programas de saúde? De que forma a saúde mental aparece nessas políticas? Como as práticas de saúde produzem (e legitimam) formas de ser mulher? Para tanto, realizamos visitas à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde e ao Centro Municipal de Atendimento à Sorologia de Santa Cruz do Sul, além de contato telefônico com a coordenadora do campo da saúde da mulher do Centro Materno-Infantil do mesmo município. Nas visitas realizadas, entrevistamos profissionais e coletamos diversos materiais (folderes, cartazes e cartilhas) disponibilizados pelos serviços. Constatamos que atualmente estão sendo desenvolvidas nove linhas de ações no campo da saúde da mulher, a saber: Assistência em Planejamento Familiar; Rede Cegonha; Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde/Rede Cegonha; Prevenção do câncer de mama e do câncer do colo do útero; Prevenção e/ou tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e infectocontagiosas; Projeto Flores da Noite; Saúde da mulher no climatério e menopausa; Sistema de Informação de Mortalidade; e SIS Pré-Natal. Dos materiais obtidos nas visitas, temos que, ainda que os mesmos não foquem especificamente a saúde da mulher, muitos dizem respeito a práticas que devem ser seguidas pelo público feminino. De modo geral, as orientações dadas às mulheres são referentes às questões de sexualidade e reprodução. A maioria consiste em informativos sobre doenças sexualmente transmissíveis e infectocontagiosas, e outros contém indicações de cuidados com a própria saúde e também com os filhos, seja quando crianças ou ainda durante a gestação. No que tange às questões de saúde mental, percebemos que, embora nenhuma atividade específica esteja sendo desenvolvida no momento, a temática está gradualmente sendo inserida nas práticas de saúde, seja a partir da sensibilização das equipes para que notifiquem os casos de violência, ou da ampliação da noção de violência para além das questões físicas. Assim, partindo dos estudos foucaultianos e tendo como base as reflexões feitas a partir de nossas visitas e materiais obtidos, pensamos que a mulher das políticas públicas de saúde ainda é percebida enquanto um corpo reprodutor e uma mulher-mãe. Isso demonstra que, embora grandes avanços tenham ocorrido ao longo do tempo, as concepções de saúde e de assistência à saúde da mulher ainda se encontram bastante ancoradas num entendimento da figura feminina enquanto aquela que, por sua condição biológica, é (eternamente) destinada à reprodução social, aos cuidados dos filhos (antes mesmo destes nascerem) e da família.


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